O milho é a segunda cultura com maior relevância no agronegócio, ficando atrás apenas da soja. As duas culturas juntas somam aproximadamente 80 % de toda a produção nacional de grãos, segundo dados divulgados pela Embrapa. Dentre os cereais cultivados no Brasil, o milho é o mais expressivo e tem sua produção voltada para o abastecimento interno, embora recentemente a sua exportação venha sendo realizada em quantidades expressivas. Ainda, a Embrapa (2010) frisa que, devido à grande produção de fitomassa de alta relação C/N, a cultura é fundamental em programas de rotação e sucessão de culturas em Sistemas de Plantio Direto envolvendo ou não Sistemas de Produção de Integração Lavoura-Pecuária.
De acordo com o 9º levantamento da produção de grãos, publicado pela CONAB em junho de 2021, o cenário atual aponta para uma produção de 96,4 milhões de toneladas de milho, representando uma redução de 6% em relação ao alcançado na safra anterior, com área total de plantio de 19.840,7 mil hectares e produtividade de 4.858 kg.ha-1. A redução em relação ao ano anterior se deve, muito provavelmente, ao atraso das chuvas, que interferiu no planejamento da produção das lavouras de milho de primeira safra, ocorrendo mudanças para soja, além da decisão de transferir o plantio do cereal para o período da segunda safra.
O milho é uma cultura que remove grandes quantidades de nitrogênio e usualmente requer o uso de adubação nitrogenada em cobertura para complementar a quantidade suprida pelo solo, quando se deseja produtividades elevadas (COELHO, 2006). Ainda, de acordo com este autor, no Brasil, existe o conceito generalizado entre técnicos e produtores de que aumentando o número de parcelamento da adubação nitrogenada aumenta-se a eficiência do uso do nitrogênio e reduzem-se as perdas, principalmente por lixiviação. Diante deste cenário, a ILSA Brasil, em parceria com o Instituto de Pesquisas Agronômicas Agroconect, realizou um experimento com o objetivo de avaliar se o uso dos fertilizantes organominerais Gradual Mix 10-18-07 e Azoslow 29, com tecnologia ILSA, resultam no incremento na produtividade de milho.
Descrição do experimento
O experimento foi conduzido nas dependências do Instituto de Pesquisa Agroconect Ltda, na safra 2020/2021. A área está localizada no município de Erechim/RS, com solo classificado como Latossolo Vermelho Aluminoférrico húmico, unidade de mapeamento Erechim (EMBRAPA, 2013). O híbrido utilizado foi o B 2418 VYHR, com 3,6 sementes por metro linear, a semeadura foi realizada no dia 24/09/2020 e a colheita no dia 22/02/2021. Durante o período de execução do experimento, a temperatura média foi de 20,8 °C, a precipitação total chegou a 721,20 mm e a umidade relativa média ficou em torno de 72 %.
Os tratamentos foram aplicados no sulco de semeadura através do dosador de precisão da semeadora utilizada. A adubação nitrogenada foi realizada a lanço, metade da dose no estádio V2 e outra metade em V4. O cloreto de potássio também foi aplicado a lanço. A dose dos fertilizantes utilizados levou em consideração a necessidade de ajuste em função das formulações utilizadas. Os tratamentos estão descritos na Tabela 1. Cada tratamento teve quatro repetições e a unidade experimental (parcela) foi composta por 5 linhas com distância de 0,45 cm e 5 m de comprimento, totalizando 12,5 m² por unidade experimental. O delineamento experimental utilizado foi em faixas.
Tabela 1. Tratamento, formulação, doses e época de aplicação dos fertilizantes em milho.
Tratamento | NPK | Dose (kg.ha-1) | Época de aplicação |
10 18 07 | 400 | Sulco | |
ILSA | 29 00 00 | 450 | V2 e V4 |
00 00 60 | 62 | V7 | |
09 25 15 | 400 | Sulco | |
Padrão | 45 00 00 | 300 | V2 e V4 |
00 00 60 | 30 | V7 |
As avaliações realizadas foram produtividade, em sacas por hectare (sc.ha-1) e a massa de mil grãos (g) com ajuste da umidade dos grãos para 13%, a partir da área útil de cada unidade experimental. Os dados obtidos foram submetidos ao Teste de Bartley para verificar a homogeneidade das variâncias, e ao Teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos resíduos. Como não houve violação das pressuposições básicas foi feita a análise de variância pelo Teste F. As médias foram comparadas pelo teste de Fisher (LSD) a 5% de probabilidade de erro.
Resultados
No quesito produtividade, o uso dos fertilizantes organominerais Gradual Mix 10 18 07 da linha ILSA Vita e Azoslow 29-00-00 da linha ILSA Fert resultou em um aumento de 9,3 sc.ha-1 quando comparado à testemunha (Tabela 2). Este incremento é facilmente explicado pela tecnologia dos produtos ILSA Brasil. Suas formulações apresentam liberação gradual e controlada de nutrientes, sempre mediada pela biota do solo. Esta característica permite, segundo Shaviv (2003) e Trenkel (2010), citados por Freitas (2017), diminuir as perdas de nutrientes no sistema solo-planta-atmosfera e melhor disponibilizá-los, de forma ajustada, às necessidades das plantas.
De acordo com a Embrapa, os fertilizantes de liberação gradual ou controlada liberam os nutrientes de uma forma que atrasa a sua disponibilidade para absorção, ou que estende a sua disponibilidade, de forma que a liberação entre em sincronia com as necessidades nutricionais da planta. E, dessa forma, fornecem a eficiência na utilização de nutrientes e melhoria de rendimentos de produção, uma vez que a perda de nutrientes é reduzida, validando o resultado obtido neste experimento.
Tabela 2. Produtividade (sc.ha-1) e massa de mil grãos (g) de milho.
Tratamento | Produtividade (sc.ha-1) | Massa de mil grãos (g) |
ILSA | 180,7 | 317,22 |
Testemunha | 171,4 | 312,71 |
Para a massa de mil grãos (MMG), a utilização dos fertilizantes da ILSA gerou um aumento de 4,51 g em relação à testemunha (Tabela 2). A MMG é um importante componente de produtividade para a cultura do milho e altamente influenciada pelas práticas de manejo, em especial pela adubação. Um fertilizante que permita sua absorção ao longo do ciclo produtivo, bem como alta CTC e alta afinidade biológica, é capaz de aumentar a eficiência produtiva de uma cultura, seja ela qual for, possibilitando a máxima expressão do seu potencial genético.
Permitir o bom desenvolvimento de microrganismos do solo é um fator indispensável em um bom fertilizante, pois também contribui para aumento de produtividade, uma vez que estes seres estão diretamente relacionados à ciclagem e posterior disponibilidade de nutrientes. A matriz AZOGEL, utilizada na formulação dos fertilizantes sólidos da ILSA Brasil, tem alta afinidade biológica, mais uma vez justificando o maior valor em produtividade.
Para Teixeira et al. (2014), os fertilizantes organominerais são a aposta do futuro. Isto porque a aplicação destes insumos reduz os altos custos com adubação e permite o suprimento simultâneo de nutrientes minerais e matéria orgânica. Além destes benefícios, o Gradual Mix e o Azoslow 29, assim como todos os fertilizantes da ILSA Brasil, possuem baixo impacto ambiental, o que promove o cultivo sustentável, independentemente da cultura.
Referências bibliográficas
Acompanhamento da safra brasileira de grãos – 9º levantamento. Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Junho/2021.
COELHO, A.M. Nutrição e adubação do milho. Circular Técnica, EMBRAPA, Sete Lagoas, n. 78, 2006. 10 p.
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 3. ed. Brasília, 2013. 353p.
EMBRAPA Notícias (Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/32371396/pesquisa-usa-nanofibras-de-celulose-para-produzir-fertilizante-de-liberacao-controlada)
EMBRAPA – Milho e Sorgo. Cultivo do Milho. Sistemas de Produção, n.2, ed. 6, 2010. 10 p.
FREITAS, T. Fertilizantes nitrogenados convencionais, estabilizados, de liberação lenta ou controlada na cultura do cafeeiro: eficiência e custos. UFLA, Lavras, 2017. 97 p. (Dissertação de Mestrado)
SHAVIV, A.; RABAN, S.; ZAIDEL, E. Modeling controlled nutrient release from polymer coated fertilizers: diffusion release from single granules. Environmental Science & Technology, Washington, v. 37, n. 10, p. 2251-2256, 2003.
TEIXEIRA, W.G.; SOUSA, R.T.X.; KORNDÖRFER, G.H. resposta da cana-de-açúcar a doses de fósforo fornecidas por fertilizante organomineral. Biosci. J., Uberlândia, v. 30, n. 6, p. 1729-1736, 2014.
TRENKEL, M. Slow- and controlled-release and stabilized fertilizers: an option for enhancing nutrient efficiency in agriculture. 2nd ed. Paris: International Fertilizer Industry Association, 2010. 163 p.
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas