Importância do tratamento de sementes na produtividade das culturas
O tratamento de sementes é utilizado como uma ferramenta importante no manejo da lavoura além de uma realidade, pois auxilia na manutenção da qualidade da semente e evita perdas ocasionadas por doenças e insetos. O uso de tratamento de sementes é uma prática importante para redução de patógenos que infestam e infectam as sementes, além da proteção contra patógenos que sobrevivem no solo quando é realizada a semeadura (HENNING 2005). No tratamento de sementes diversos produtos podem ser utilizados, tais como, agroquímicos (fungicidas e inseticidas), produtos biológicos, inoculantes, estimulantes e micronutrientes (MENTEN & MORAES 2010).
Novas tecnologias, aliadas ao uso de sementes melhoradas e ao manejo adequado são utilizadas para aumentar a produtividade das culturas (FREZATO et al., 2021). O uso de bioestimulantes possui destaque, pois esses são substâncias naturais ou sintéticas que podem ser aplicadas em sementes, plantas e solo e provocam alterações dos processos vitais e estruturais, a fim de aumentar a produtividade e qualidade de sementes e/ou grãos (ÁVILA et al.,2008).
Segundo Castro et al., (2019), bioestimulante são substâncias naturais ou microrganismos que melhoram a eficiência nutricional, as respostas aos estresses abióticos, a produtividade e qualidade dos cultivos, sem levar em conta seu conteúdo de nutrientes; ou produto que contém componentes ativos ou agentes biológicos, que atuam sobre as plantas melhorando seu desempenho, isento de biorreguladores e defensivos agrícolas. Como por exemplo extratos de algas, ácidos húmicos e fúlvicos e aminoácidos (ESAYAMA et al., 2022).
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2020), bioestimulante é o produto que contem substância natural com diferentes composições, concentrações e proporções, que pode ser aplicado diretamente nas plantas, nas sementes e no solo, com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade de sementes, estimular o desenvolvimento radicular, favorecer o equilíbrio hormonal da planta e a germinação mais rápida e uniforme, interferir no desenvolvimento vegetal, estimular a divisão, a diferenciação e o alongamento celular, incluídos os processos e as tecnologias derivados do bioestimulante.
Com o objetivo de aumentar a produtividade, estratégias visam um melhor desenvolvimento por meio de uso de produtos como biorreguladores e bioestimulantes que favorecem a expressão do potencial genético das plantas mediante alterações nos processos vitais e estruturais, promovem o equilíbrio hormonal e estimulam o desenvolvimento do sistema radicular (VIEIRA; CASTRO, 2003). Muitos desses produtos aumentam a absorção de água e de nutrientes pelas plantas, bem como sua resistência aos estresses hídricos e aos efeitos residuais de herbicidas no solo, fazendo com que seu uso na agricultura seja crescente (VASCONCELOS, 2007).
Os bioestimulantes têm sido utilizados na agricultura para melhorar várias características agronômicas de culturas comerciais (ANJOS et al., 2017). Pode ser utilizado no tratamento de sementes e/ou em pulverizações foliares. Resultados positivos têm sido verificados em várias culturas, como feijão, soja, milho, dentre outras (RAMOS et al., 2015). Segundo Abrantes (2008) o bioestimulante promoveu aumento no vigor das sementes de feijoeiro, aumentando a porcentagem de plântulas fortes (classificação do vigor de plântulas).
Aminoácidos
Os aminoácidos são moléculas orgânicas formadas por átomos de C (carbono), H (hidrogênio), N (nitrogênio) e O (oxigênio) ligados entre si. Quaisquer aminoácidos têm um grupo carboxílico (COOH) e um grupo amina (NH2) ligada a um átomo de C. Nesse mesmo C ficam ligados ainda um átomo de H e um radical (R). O Radical representa um radical orgânico, diferente em cada molécula de aminoácido existente. Cada variação no número ou na sequência de aminoácidos produz proteínas diferentes e, assim, existe uma grande variedade de proteínas (TAIZ e ZEIGER, 2017; ESAYAMA, 2022).
Os aminoácidos podem desempenhar diferentes funções na planta, podendo atuar como agentes redutores de estresse, fonte de N e precursores hormonais (CELEDONIO et al., 2020). A aplicação de aminoácidos em plantas também é utilizada para melhorar o crescimento e o nível nutricional das plantas tornando-as mais tolerantes a danos por doenças (EL-GHMRY et al., 2009).
Um aminoácido de importância para o metabolismo celular é o ácido L-glutâmico, o qual apresenta expressiva diversidade de funções biológicas, atuando como molécula central no metabolismo das plantas superiores (FORDE e LEA 2007), sendo precursor da síntese de clorofila nas folhas (YARONSKAYA et al., 2006), além da função reguladora de carbono e do metabolismo do nitrogênio (ROBINSON et al., 1991).
Skopelitis et al. (2006) observaram que plantas de Nicotiana tabacum L. e Vitis vinifera L. expostas a condições de estresse salino, induzido pelo NaCl, apresentaram indução na síntese de glutamato desidrogenase (GD), enzima precursora do glutamato. Os autores verificaram que a GD pode ser uma enzima responsiva ao estresse, por exibir uma estabilidade térmica, capacidade de atuar na desintoxicação de amônia e produção de uma nova molécula de glutamato (DE CARVALHO et al., 2013).
O glutamato também é precursor da arginina e ornitina, que por sua vez, atuam na síntese de poliaminas, as quais podem agir sobre as plantas, minimizando as condições de estresse (RHODS et al., 1986; FORDE e LEA, 2007; LEA et al., 2007).Ferreira et al. (2002) também ressaltaram a importância dos aminoácidos glutamina e glutamato, os quais servem para translocar nitrogênio orgânico de fontes para drenos, atuando nos processos vitais que controlam o crescimento e o desenvolvimento das plantas e têm efeitos marcantes sobre a fitomassa e a produtividade final das culturas.
Rathore et al. (2009) verificaram que o extrato de algas, aplicado via foliar, proporcionou maior produtividade de sementes de Glycine max (L.) Merr. Amin et al. (2011), por sua vez, também obtiveram aumento na quantidade e qualidade de bulbos de Allium cepa L. com aplicação foliar de putrescina e o aminoácido glutamina.
Micronutrientes
Os micronutrientes são elementos químicos essenciais para o crescimento das plantas e são exigidos em quantidades muito pequenas (MORTVEDT, 2001). Embora a participação dos micronutrientes seja pequena, a falta de qualquer um deles pode resultar em perdas significativas de produção (BARBOSA FILHO et al., 2002). Os micronutrientes podem ser aplicados diretamente no solo, por meio da adubação convencional, ou por meio de fertirrigação, na parte aérea das plantas, por meio da adubação foliar, ou tratamento das sementes (CHENG, 1985).
A simbiose entre bactérias denominadas coletivamente como rizóbios com as leguminosas, caracteriza-se como um dos sistemas fixadores de N2 mais eficientes que se conhece na atualidade. Leguminosas eficientemente noduladas apresentam concentrações de molibdênio (Mo) nos nódulos que chegam a ser dez vezes superiores às encontradas nas folhas. Em condições de deficiência de Mo, este tende a se acumular apenas nos nódulos, em detrimento das outras partes da planta (PATE, 1977). A participação do Mo como cofator nas enzimas nitrogenase, redutase do nitrato e oxidase do sulfeto, está intimamente relacionada com o transporte de elétrons durante as reações bioquímicas (SFREDO & DE OLIVEIRA,2010).
O cobalto (Co) é um nutriente absorvido pelas raízes como Co2+, considerado móvel no floema. Contudo, quando aplicado via foliar, é parcialmente móvel. O Co é essencial para a fixação do N2, pois participa na síntese de cobamida e da leghemoglobina nos nódulos. Portanto, deficiência de Co pode ocasionar deficiência de nitrogênio na soja, devido à baixa fixação do N2. Sua deficiência causa clorose total, seguida de necrose nas folhas mais velhas, devido à deficiência de nitrogênio (SFREDO & DE OLIVEIRA,2010).
Reguladores de crescimento
Os reguladores de crescimento têm sido associados aos micronutrientes no tratamento de sementes, buscando-se estimular a germinação e melhorar estabelecimento das plantas a campo (SILVA et al., 2008). Esses produtos aumentam a capacidade de absorção de água e de nutrientes, bem como a resistência a estresses hídricos, permitindo o melhor desenvolvimento das plantas em condições subótimas (VASCONCELOS, 2006; CASTRO et al., 2008).
Os bioestimulantes podem ser usados como uma estratégia para minimizar os efeitos decorrentes de semeaduras desuniformes (KLAHOLD et al., 2006). CASTRO & VIEIRA (2001) definiram bioestimulante como uma mistura de reguladores de crescimento vegetal, ou de um ou mais reguladores vegetais com outros compostos de natureza bioquímica diferente (aminoácidos, nutrientes, vitaminas etc.). Esses produtos favorecem a expressão do potencial genético das plantas mediante alterações dos processos vitais e estruturais, promovendo um equilíbrio hormonal e estimulando o desenvolvimento do sistema radicular (CASTRO & VIEIRA, 2001; SILVA et al., 2008).
Santos & Vieira (2005) analisaram doses de produto bioestimulante, composto por citocinina, ácido-indolbutírico ácido giberélico, aplicado via semente, observando incremento na porcentagem de emergência de plântulas de Gossypium hirsutum L., bem como na área foliar, altura e crescimento inicial de plântulas, sendo o ganho proporcional ao aumento da dose do bioestimulante.
Após esclarecer de que forma funcionam os bioestimulantes, vamos falar sobre os produtos da ILSA – que não são bioestimulantes diretos mas agem nutricionalmente nas plantas – os quais podem contribuir com o incremento na produtividade quando utilizados nas fases iniciais de produção, seja no tratamento de sementes ou aplicações foliares.
Primeiramente vamos falar do ILSAMIN Radix que é um fertilizante líquido a base de GELAMIN®, utilizado no tratamento de sementes que representa uma fonte natural de AMINOÁCIDOS de rápida absorção, que possui ação tanto nutricional quanto estimulante dos processos fisiológicos das plantas e pode ser usado juntamente com o tratamento de sementes e tem como objetivo fornecer aminoácidos, substâncias húmicas e triptofano (precursor auxina) a fim de promover maior enraizamento e maior aproveitamento de nutrientes.
Outro produto que potencializa o desenvolvimento das plantas, principalmente em leguminosas, é o ILSAMIN CoMo fertilizante mineral misto à base de proteínas hidrolisadas enzimaticamente (GELAMIN), que representa uma fonte natural de aminoácidos de rápida absorção combinada com fontes minerais de molibdênio (Mo) e cobalto (Co) para aplicação foliar. Sendo recomendada sua utilização para cultura da soja via foliar no estádio V4 com o objetivo de potencializar o processo de fixação biológica de nitrogênio, atuando tanto no desenvolvimento das bactérias fixadoras como também na transformação do nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis pelas plantas.
O Mo é essencial para a soja, por participar da enzima nitrogenase, sintetizada pelas bactérias durante o processo de fixação biológica do nitrogênio (FBN) por simbiose, no qual os microrganismos infectam as raízes da soja formando nódulos, cujo interior possui um complexo enzimático, denominado nitrogenase, fornecendo amônia (NH3) para a planta, que por sua vez sintetiza os compostos nitrogenados necessários para sua sobrevivência (ALBINO; CAMPO, 2001).
Já o Co é responsável pela ativação enzimática das desidratases, mutases, fosforilases e transferases, constituindo como um elemento essencial ao processo de fixação do N2 por bactérias do gênero Rhizobium presente nos nódulos de plantas leguminosas (ZIBIANI et al., 2023). A produção de vitamina B12 também fica limitada em plantas sem o fornecimento suficiente de Co, e a fixação de nitrogênio atmosférico reduzida (RAIJ, 1991; MARSCHNER, 1995).
Para Zibiani, 2023 a aplicação foliar, aplicada 40 dias após o plantio de cobalto e molibdênio via foliar nos devidos tratamentos na soja em estádio vegetativo 5, demonstrou melhores resultados nos componentes de produção da soja, principalmente nas características: número de sementes por vagem, número de sementes por planta e número de vagens por planta.
Referências
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Autores
Eng. Agr. Dra. Angélica Schmitz Heinzen
Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas