A formação dos solos é diretamente influenciada por cinco fatores principais: relevo, clima, tempo, material de origem e organismos vivos. Estes últimos trabalham de forma contínua no solo, atuando na sua transformação, degradação, conservação e até mesmo alterando suas propriedades físico-químicas. A fração viva do solo é essencial para seu funcionamento, sendo a esta atribuídos muitos processos que regem a manutenção e a funcionalidade dos solos (CARDOSO e ANDREOTE, 2016).
Entre os constituintes do solo, a fração biológica, formada pelos múltiplos grupos de microrganismos que atuam sobre a matéria orgânica do solo, no desenvolvimento contínuo de processos de síntese e de análise de compostos orgânicos, faz com que o solo seja considerado como uma entidade biológica (PEDROSA et al., 2015).
Importância da fauna do solo
A maioria dos efeitos dos animais do solo sobre as plantas são indiretos, e envolvem mudanças sobre as condições ambientais consideradas importantes para o crescimento das plantas, como: pH, toxidez de alumínio, concentração de nutrientes essenciais para as plantas, nível de pressão de doenças e pragas, competição, atividade de microrganismos promotores do crescimento (incluindo simbiontes), aeração e disponibilidade de água na zona de crescimento das raízes, entre outros (PARRON et al., 2015).
Entre as vantagens da utilização de microrganismos na agricultura, está a habilidade em fixar nitrogênio; a decomposição de resíduos orgânicos; a desintoxicação de pesticidas; a supressão de doenças de plantas; o fornecimento de nutrientes para o solo e a produção de compostos bioativos, vitaminas e hormônios de crescimento (ALFONSO et al., 2005, citado por PEDROSA et al., 2015).
A decomposição de restos vegetais e animais é um processo biológico de extrema importância para o ecossistema. Por meio dos produtos da fotossíntese (6CO2 + 6H2O + energia → C6H12O6 + O2), grande parte do carbono entra no solo (SILVA & MENDONÇA, 2008; citados por PULROLNIK, 2009), e será utilizado como fonte de energia para os microrganismos heterotróficos – decompositores. Graças à biota do solo, o nitrogênio é mineralizado em formas assimiláveis e outros macros e micronutrientes são disponibilizados às plantas. Conforme descrito por Correia e Oliveira (2006), a quantidade e diversidade de organismos decompositores determinam a velocidade de processos como a mineralização e imobilização de nutrientes, o que afeta diretamente a assimilação de minerais pelos vegetais e a produtividade de culturas, mesmo quando há a aplicação de adubos minerais.
A degradação de compostos orgânicos, como já mencionado, é feita através da ação de microrganismos. Além da ciclagem e disponibilização de nutrientes, estes seres também podem atuar na metabolização de compostos provenientes de defensivos agrícolas, em ação conjunta com a fauna do solo. Por exemplo, é conhecida a capacidade das minhocas em acelerar a degradação aeróbica de contaminantes como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e alguns defensivos via a ingestão de solo, reduzindo sua adsorção e aumentando a biodisponibilidade para os microrganismos responsáveis pelos processos degradativos (ANDREA et al., 2004; EIJSACKERS et al., 2001; PAPINI; ANDREA, 2001; SANCHEZ-HERNÁNDEZ et al., 2014; citados por PARRON et al., 2015).
Reis et al. (2011), afirmam que o aumento da atividade microbiana do solo, juntamente com o emprego da técnica de rotação de culturas, pode atuar de forma antagônica ao desenvolvimento de doenças vegetais. Isso ocorre em função do estabelecimento de uma competição por nutrientes, água e espaço entre os fitopatógenos e os microrganismos que desenvolvem relações harmônicas com as plantas.
De acordo com Cardoso e Andreote (2016), as bactérias que fazem simbiose com as raízes possuem alta afinidade de ocupação do ambiente rizosférico e são capazes de desempenhar atividades de promoção do crescimento e desenvolvimento de plantas, as chamadas rizobactérias promotoras do crescimento de plantas (RPCPs). Ainda segundo estes autores, os mecanismos que caracterizam essa habilidade podem ser divididos em diretos e indiretos.
Entre os mecanismos diretos, temos a suplementação de nutrientes através da decomposição da matéria orgânica e a inibição da atividade de pragas e patógenos. Indiretamente, as rizobactérias podem produzir compostos semelhantes aos fitormônios, conferindo maior tolerância aos efeitos bióticos e abióticos adversos.
Fatores que afetam a biologia do solo
O crescimento, desenvolvimento e estabelecimento da biota do solo pode ser direta ou indiretamente influenciada por uma série de fatores. Temperatura, umidade, concentrações de oxigênio, pH do solo, disponibilidade de nutrientes e práticas de manejo são alguns dos exemplos.
A temperatura é um dos fatores mais determinantes para o desenvolvimento dos organismos do solo. A faixa de temperatura para crescimento microbiano é bastante ampla, entretanto, em temperaturas muito baixas a atividade enzimática destes organismos é reduzida e, em altas temperaturas, pode ocorrer desnaturação de proteínas. Em relação à umidade, a disponibilidade de água é essencial para os microrganismos do solo, pois afeta diretamente a absorção de nutrientes, o metabolismo intracelular, a aeração do solo e a aderência às partículas de argila.
A respeito do oxigênio, a concentração deste gás determinará quais espécies estarão presentes e em pleno desenvolvimento. Em solos bem aerados, por exemplo, haverá maior produção de energia, maior população e atividade dos microrganismos e, em consequência, maior decomposição dos materiais orgânicos presentes no solo (CERETTA e AITA, 2008).
A inibição do crescimento microbiano em valores de pH considerados desfavoráveis, resulta não só no efeito direto da elevada concentração de H+ ou OH–, mas também da influência indireta do pH na penetração nas células microbianas de compostos tóxicos presentes no meio (CARDOSO et al., 1992). Porém, sabe-se que a forma como o pH atua em determinado microrganismo é dependente de fatores genéticos que conferem tolerância ou não às oscilações de pH. É importante lembrar que o pH é diretamente influenciado pelas práticas agrícolas, e que a falta ou excesso de calagem podem gerar transtornos que serão refletidos na produtividade.
A atividade humana pode causar modificações significativas nos fatores químicos e físicos do solo, seja pela adição ou remoção de elementos (adubação, calagem, exportação de nutrientes), seja por práticas de cultivo (plantio convencional, direto), que causarão impacto na comunidade biológica (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). Portanto, todo e qualquer manejo deve ser feito de forma consciente e bem planejada.
A rotação de cultivos e práticas de conservação de solo são cuidados agronômicos básicos que estão sendo deixados em segundo plano, prevalecendo a agricultura de monocultura motivada apenas por pressões econômicas. Como resultado, temos uma menor biodiversidade em geral (inclusive no solo) e aumento de problemas como o aparecimento de novas plantas daninhas, pragas e doenças, sem falar em criação de resistência a defensivos agrícolas. Aspectos econômicos são tão fundamentais quanto fatores técnicos para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável.
Dentre os seres vivos presentes no solo, existem duas divisões: microrganismos procariontes e microrganismos ou organismos eucariontes, também chamados de componentes da fauna do solo. O tamanho dos organismos é um importante fator de classificação, pois divide os organismos em grupos, facilitando o entendimento e o estudo destes seres. Assim sendo, os grupos componentes da biota do solo serão abordados a seguir.
Microrganismos do solo
Nesta classificação estão presentes microrganismos procariontes e eucariontes.
Procariontes:
Este grupo é composto por seres extremamente simples, unicelulares, aeróbios ou anaeróbios e, por muitas vezes, autotróficos. Os grandes representantes dos procariontes são as bactérias, divididas em dois grandes grupos: Bacteria e Archea.
Eucariontes:
Neste grupo estão os organismos unicelulares mais complexos, compreendidos entre os reinos Protoctista (protozoários) e Fungi (fungos). Os fungos são predominantes em solos ácidos, ricos em matéria orgânica e de umidade próxima a capacidade de campo. Em geral, os fungos são aeróbicos, porém apresentam resistência a altas pressões de CO2, podendo se desenvolver em regiões mais profundas do solo (MARTINS). Já os protozoários são seres também simples e aeróbicos, que utilizam a matéria orgânica para sua nutrição.
Fauna do solo
Segundo Aquino (2006), o termo fauna é utilizado quando se deseja referenciar a comunidade de animais invertebrados que vive permanentemente ou que passa um ou mais ciclos de vida no solo. A macrofauna tem a habilidade de criar seus espaços através da sua atividade, gerando bioporos e galerias no interior do solo (CERETTA e AITA, 2008). Entre os organismos componentes desse grupo, temos os insetos, anelídeos, vermes nematódeos e alguns aracnídeos como os ácaros.
Por que preservar a biota do solo?
Conhecer as comunidades da fauna edáfica é um requisito essencial na busca por um adequado e sustentável manejo do solo que, além de conservar a biodiversidade, também possibilita ações importantes desses organismos no ecossistema (PARRON et al., 2015). Todos os processos humanos que estão envolvidos na agricultura, devem ser pensados de maneira a evitar ao máximo a perda de comunidades destes organismos tão importantes ao solo. Desta forma, a utilização de defensivos agrícolas e fertilizantes deve ser feita de forma racional, com a utilização de produtos indicados para a cultura, bem como observando os possíveis efeitos que suas formulações possam apresentar à fauna e aos microrganismos.
O que aplicar para aumentar a qualidade biológica do solo?
O AZOGEL, é a matriz orgânica de onde derivam os produtos orgânicos e organominerais da ILSA.
Trata-se de um fertilizante orgânico granulado produzido a partir de colágeno com atestação ECOCERT para utilização em sistemas de agricultura orgânica e uso permitido segundo as normas NOP e CE. Graças ao processo industrial de hidrólise térmica (FCH®) AZOGEL é um produto único e de alta homogeneidade, sem variações na matéria-prima e nas garantias, com elevada CTC, alto teor de carbono e nitrogênio orgânicos, ambos altamente disponíveis para os microrganismos presentes no solo e na rizosfera, o que o torna um produto de alta afinidade biológica.
O valor de um fertilizante orgânico vai além do simples fornecimento de nutrientes, pois sua utilização confere muitos efeitos benéficos ao solo. A matéria orgânica funciona como uma fonte de energia para os microrganismos úteis, que fixam o nitrogênio do ar na rizosfera e fungos que se associam as raízes. Melhora a estrutura e o arejamento, além da capacidade de armazenar umidade. Apresenta efeito regulador na temperatura do solo, retarda a fixação de fósforo e aumenta a capacidade de troca de cátions (CTC), ajuda a segurar potássio, cálcio, magnésio e outros nutrientes em formas disponíveis para as raízes, protegendo-as da lixiviação pela água da chuva ou de práticas de irrigação. Além de tudo isso, alguns produtos de sua decomposição têm efeito estimulante para o desenvolvimento das raízes (MALAVOLTA et al., 2000).
Referências Bibliográficas
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Autores:
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Ana Elisa Velho
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas