De todos os recursos naturais, a água é, sem sombra de dúvidas, o recurso mais importante para a manutenção da vida no planeta Terra. De fórmula química H2O (dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio), a água é responsável por manter e equilibrar a biodiversidade e também por regular o clima do planeta. Participa de diversas reações químicas e biológicas que ocorrem nos seres vivos e está relacionada não só com o surgimento de vida na Terra, mas também com a sua evolução. Cerca de 70% da superfície do planeta é coberta por água. Entretanto, a maior parte da água no planeta é salgada. Há apenas 2,7% de água doce e, desse percentual, apenas 0,1% corresponde à água doce disponível para utilização.
A água pode ser considerada tanto um recurso natural renovável quanto não-renovável, tudo depende do problema em questão e do estoque em que a água será extraída como recurso. A água armazenada em um aquífero profundo, em geral, é um recurso não-renovável, e sua exploração econômica será limitada pelo tamanho do aquífero. Por outro lado, a água armazenada em um reservatório abastecido pela vazão de um rio é um recurso renovável, e sua exploração econômica será limitada, em última instância, pelo fluxo de água precipitado na forma de chuva sobre a bacia hidrográfica.
A poluição da água por variados tipos de detritos (ex. embalagens vazias, lixo, sedimentos), compostos orgânicos (ex. moléculas de defensivos), elementos químicos tóxicos (ex. metais pesados) ou nutrientes (ex. nitrato e fósforo), e microrganismos indesejados (ex. bactérias e vírus nocivos à saúde) têm sido frequentemente detectados em diferentes regiões do mundo (Ongley, 2000), o que acende um sinal de alerta para todas as nações. A ONU, em consonância com essa preocupação mundial, produziu e publicou em 02 de março de 1992 a Declaração Universal dos Direitos da Água, dia que ficou conhecido como Dia Mundial da Água. Este documento detalha diversas atitudes, informações e preceitos importantes para motivar uma visão responsável sobre os recursos hídricos no mundo por parte dos governantes e dos demais cidadãos. A intenção é promover a ideia de que consumo consciente de água e desenvolvimento sustentável são questões relacionadas e fundamentais para que as gerações futuras possam contar com o acesso a esse recurso.
O papel da agricultura na conservação das águas
Embora não seja o único agente responsável pela perda da qualidade da água, a agricultura, direta ou indiretamente contribui para a degradação dos mananciais, como cita Resende (2002). Ainda de acordo com este autor, amplamente empregadas, muitas vezes de forma inadequada, as aplicações de defensivos, fertilizantes e de resíduos derivados da criação intensiva de animais são tidas como as principais atividades relacionadas à perda da qualidade das águas rurais. Quando a lixiviação de nutrientes é muito alta, pode ocasionar o fenômeno de eutrofização, que basicamente corresponde ao aumento de nutrientes (em especial o fósforo (P) e o nitrogênio (N)), provocando a multiplicação excessiva de organismos como algas e bactérias, reduzindo a quantidade de oxigênio e causando morte de diversas espécies aquáticas.
A exposição do solo ao impacto direto das gotas de água da chuva leva ao selamento superficial do solo, reduzindo a infiltração de água e aumentando o volume de enxurrada, como citam Caixeta et al. (2009). Com isso, de acordo com Bertol et al. (2004), as perdas de solo e água tendem a diminuir a capacidade produtiva do solo, em virtude da remoção de nutrientes e carbono orgânico adsorvidos e solubilizados na água de enxurrada, além de provocarem assoreamento de rios. Diante desse cenário e dada a relevância da água para a vida, a Ciência tem se dedicado a pesquisar soluções e alternativas que contribuam com a conservação e reuso da água, utilizando a agricultura como aliada.
Visando reduzir toda e qualquer perda, a agricultura conta com um compilado de práticas conservacionistas de produção, que têm como principal função a manutenção das qualidades físico-químicas e biológicas do solo, colaborando também para a preservação das águas nos meios rurais. Uma prática conservacionista muito conhecida é a preservação da cobertura morta do solo – sistema de plantio direto (SPD), que visa reduzir a erosão hídrica, protegendo o solo do impacto direto das gotas de chuva sobre a superfície e impedindo a desagregação do solo, reduzindo, assim, a lixiviação de nutrientes e a consequente poluição de rios, mananciais e lençóis freáticos.
O reflorestamento e a conservação das matas ciliares são também práticas conservacionistas, como cita Soldera (2020), pois auxiliam e muito na disponibilidade hídrica. Ainda de acordo com esta autora, adicionalmente, é preciso capacitar os produtores, pois o conhecimento diário do cultivo associado a boas técnicas de plantio e manejo podem resultar em inovações para o setor e contribuir para a economia de água no campo. A adoção de medidas como reutilização da água para atividades que não exijam potabilidade também se caracteriza como aliada à preservação deste recurso, como dizem Santos e Ummus (2015) e, as atividades agropecuárias surgem mais uma vez como protagonistas nesta história, com o tratamento de dejetos animais para a produção de gás, energia e posterior reuso da água. Além disto, reduzir as perdas no transporte e na distribuição também podem contribuir para a eficiência no uso da água na atividade agropecuária (Faggion et al., 2009).
Segundo Resende (2002), do ponto de vista agronômico, a avaliação do risco de contaminação e o monitoramento da qualidade da água ao longo do tempo são as principais ferramentas que levarão à racionalização das atividades de produção vegetal e animal e, de acordo com os critérios de viabilidade técnica, prática, econômica e ambiental, adotando-se, quando necessário, medidas de controle adequadas em cada caso.
ILSA Brasil: Fertilizantes aliados à preservação da qualidade das águas
A escolha adequada do fertilizante a ser utilizado também apresenta impacto na preservação das águas, bem como do solo, uma vez que a erosão hídrica é afetada pelo método de preparo do solo empregado no processo de cultivo (Johnson et al., 1979; Alberts & Moldenhauer, 1981; Schwarz, 1997; Bertol et al., 2007; citados por Gilles et al., 2009) e pelos seus teores no solo, estes últimos sendo muito dependentes das aplicações de adubos e corretivos (Eltz et al., 1989; Bertol, 2005; citados por Gilles et al., 2009).
As perdas de nutrientes como N e P – principais responsáveis pela eutrofização, como já citado anteriormente, estão presentes em grande parte das fontes convencionais de adubação, potencializadas principalmente pelos insumos de liberação imediata destes minerais. Como a planta não possui a capacidade de absorver todos os elementos que ficam disponíveis em elevadas concentrações no momento de aplicação dos fertilizantes, eles ficam livres na solução do solo. Os nutrientes passam então a ser transportados para as camadas mais profundas do solo por meio da água que se infiltra nele. E a lixiviação pode ser ainda mais potencializada dependendo da textura do solo, do tipo de nutriente e ainda das suas condições físicas e químicas, como a capacidade de troca catiônica (CTC), como explica Veloso (2021).
Neste sentido, a utilização de fertilizantes de liberação gradual representa uma excelente alternativa à adubação convencional no tocante à redução de contaminação de água por nitrato, por exemplo. De modo geral, as principais vantagens dos fertilizantes de liberação gradual em relação aos demais são porque eles apresentam potencial de aumentar a eficiência da adubação nitrogenada, reduzir as perdas de N no sistema solo-planta-atmosfera, resultando em menor impacto ambiental (Shaviv, 2000; Trenkel, 2010; citados por Freitas, 2020), além de melhorar a disponibilidade de N, ajustando à demanda do mesmo pelas plantas.
A ILSA Brasil conta com uma ampla gama de fertilizantes de liberação gradativa de nutrientes. Dessa forma, possuem baixo impacto ambiental, desde o processo produtivo do fertilizante até a aplicação via solo e/ou foliar. Nossos fertilizantes orgânicos protegem o solo da contaminação com nitratos, pois a liberação gradual de N – mediada pela microbiologia do solo, faz com que este elemento seja utilizado em sua totalidade pelas plantas durante todo o seu ciclo produtivo. Desta forma, não ocorre lixiviação para os lençóis freáticos, em consonância com dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: 6. Água potável e saneamento; e 14. Vida na água. Além disto, os fertilizantes ILSA são altamente homogêneos, permitindo alta eficiência na adubação e promovendo a expressão do máximo potencial genético da lavoura, gerando maior produtividade e, consequentemente, maior rentabilidade.
ILSA Brasil: Transformar o modo de preservar e alimentar o planeta – esse é o nosso propósito.
Referências bibliográficas
ALBERTS, E.E.; MOLDANHAUER, W.C. Nitrogen and phosphorus transported by eroded soil aggregates. Soil Sci. Soc. Am. J., n. 45, p. 391-396, 1981.
BERTOL, I.; LEITE, D.; RITTER, S.R. Erosão hídrica em um Nitossolo Háplico submetido a diferentes sistemas de manejo sob chuva simulada I – Perdas de solo e água. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 28, p. 1033-1044, 2004.
BERTOL, O.J. Contaminação da água de escoamento superficial e da água percolada pelo efeito de adubação mineral e adubação orgânica em sistema de semeadura direta. Curitiba, Universidade Federal do Paraná, 2005. 208p. (Tese de Doutorado)
BERTOL, I.; GONZÁLEZ, A.P. & VÁZQUEZ, E.V. Rugosidade superficial do solo sob diferentes doses de resíduo de milho submetido à chuva simulada. Pesq. Agropec. Bras., 42:103110, 2007.
CAIXETA, R.P.; ALCÂNTARA, F.A.; MADEIRA, N.R.; ABDALLA, R.P. Perdas de água, solo, nutrientes e matéria orgânica em área cultivada com cebola sob diferentes sistemas de manejo do solo. Boletim de pesquisa e desenvolvimento, Embrapa Hortaliças, n. 51, 2009. 20 p.
ELTZ, F.L.F.; PEIXOTO, R.T.G. & JASTER, F. Efeito de sistemas de preparo nas propriedades físicas e químicas de um Latossolo Bruno Hálico. R. Bras. Ci. Solo, 13-02:259267, 1989.
FAGGION, F.; OLIVEIRA, C.A.S.; CHRISTOFIDIS, D. Uso eficiente da água: uma contribuição para o desenvolvimento sustentável da agropecuária. Pesquisa Aplicada & Agrotecnologia v. 2, n. 1, p. 187-190, 2009.
FREITAS, T. Fertilizantes de liberação controlada e seus “blends” com ureia tratada com inibidor de urease para o cafeeiro. UFLA, Lavras, 2020. 126 p. (Tese de Doutorado)
GILLES, L.; COGO, N.P.; BISSANI, C.A.; BAGATINI, T.; PORTELA, J.C. Perdas de água, solo, matéria orgânica e nutriente por erosão hídrica na cultura do milho implantada em área de campo nativo, influenciadas por métodos de preparo do solo e tipos de adubação. Rev. Bras. Ciênc. Solo – Seção VI (Manejo e conservação do solo e da água), v. 33, n. 5, p. 1427-1440, 2009.
JOHNSON, C.B.; MANNERING, J.V. & MOLDENHAUER, W.C. Influence of surface roughness and clod size and stability on soil and water losses. Soil Sci. Soc. Am. J., 43:772-777, 1979.
ONGLEY, E.D. Control of water pollution from agriculture. Documento eletrônico (FAO irrigation and drainage paper, 55). 2000
RESENDE, A.V. Agricultura e qualidade da água: Contaminação da água por nitrato. Documentos, Embrapa Cerrados, Planaltina, n. 57, 2002. 29 p.
SANTOS, D.; UMMUS, E.M. Formas de uso mais eficiente da água pela agricultura. Fronteira Agrícola, Embrapa Pesca e Aquicultura, Palmas, n. 9, p. 1-3, 2015.
SCHWARZ, R.A. Perdas por erosão hídrica em diferentes classes de declividade, sistemas de preparo e níveis de fertilidade do solo na Região das Missões – RS. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997.131p. (Tese de Mestrado)
SHAVIV, A. Advances in controlled-release fertilizers. Advances in agronomy, San Diego, v. 71, n. 1, p. 1-49, 2000.
SOLDERA, B. Como a agricultura pode ser mais eficiente no uso da água? Blog Instituto Água Sustentável, 2020.
TRENKEL, M. Slow- and controlled-release and stabilized fertilizers: an option for enhancing nutrient efficiency in agriculture. 2nd ed. Paris: International Fertilizer Industry Association, 2010. 163 p.
VELOSO, C. Por que optar por fertilizantes com efeito residual dos nutrientes? Blog Verde, 2021.
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas