O AZOGEL é a matriz orgânica de onde derivam os produtos orgânicos e organominerais sólidos de aplicação via solo, fabricados pela ILSA há mais de 65 anos e comercializado em todos os continentes do mundo, nos mais diversos cultivos. Trata-se de um fertilizante orgânico produzido à base de colágeno e rico em nitrogênio e carbono orgânicos proveniente de subprodutos da indústria do couro.
De acordo com Ribeiro e Mello, a utilização do colágeno pode ser recomendada fertilizante por conter elementos essenciais para as plantas. Ainda de acordo com estes autores, os benefícios da aplicação deste tipo de fertilizante podem se equiparar ou superar os alcançados com os adubos minerais, principalmente em relação à produtividade e economia com fertilizantes, sobretudo, nitrogenados.
Processo de obtenção da matriz AZOGEL
Este produto é obtido a partir da hidrólise térmica, tecnologia desenvolvida pela ILSA como Fully Controled Hydrolisys (FHC). A hidrólise consiste no processo físico-químico de rompimento das ligações químicas pelo efeito da água, que pode ser realizado de forma térmica, química, enzimática ou mista. Inicialmente, a matéria prima (colágeno) recebido é inspecionado, selecionado e separado de acordo com características pré-determinadas de qualidade para então ser levado a autoclaves dinâmicas, onde se dá início ao processo de hidrólise térmica. A partir daí o material gelatinoso retirado das autoclaves é transferido para secadores contínuos, onde, em ambiente controlado, é estabilizado e transformado na matriz orgânica Azogel. A umidade, a temperatura e a velocidade de extração são monitorados constantemente, permitindo a padronização na produção.
O FCH permite a obtenção de um produto único e de alta homogeneidade (sem variações na matéria-prima e nas garantias), com elevado teor de carbono e nitrogênio orgânicos, ambos altamente disponíveis para os microrganismos presentes no solo e na rizosfera, permitindo assim uma liberação do nitrogênio e de aminoácidos de forma gradual, mediada pelos microrganismos do solo.
Os aminoácidos desempenham papel fundamental na tolerância ao estresse, seja hídrico, térmico ou salino. Isso porque estão associados a processos como abertura e fechamento de estômatos, produção de clorofilas, regulação de absorção de nutrientes, produção de hormônios e regulação de metabolismo em geral.
De acordo com Alves (2017), embora a planta seja capaz de sintetizar todos os aminoácidos que são necessários para a síntese de proteínas, a suplementação de campos de produção com componentes primários de proteínas e ácidos nucleicos é uma estratégia inteligente para aumentar a produtividade da lavoura, já que podem ativar o metabolismo fisiológico da planta. Ainda, este autor cita que cada estágio de crescimento da planta requer quantidades especificas de diferentes aminoácidos, e caso seja aplicado o aminoácido mais requerido pela planta naquele momento, causará benefícios para seu crescimento e desenvolvimento.
AZOGEL, relação C:N e matéria orgânica do solo (MOS)
O AZOGEL possui em sua formulação de 11 a 13 % de nitrogênio (N) total, e cerca de 38 a 40 % de carbono (C) orgânico, apresentando baixa relação C:N (< 5). Segundo Neu (2005), a relação C:N está diretamente relacionada à indicação de atividade biológica, com maior grau de humificação e estabilidade da MOS e, de acordo com Raij (1991), afeta também a disponibilidade de nitrogênio disponível no solo, já que altas relações C:N podem causar a imobilização de N no solo, pelo menos temporária.
A comunidade microbiana do solo é influenciada pela temperatura, pH, aeração, disponibilidade de nutrientes e pelos substratos orgânicos, tendo sua estrutura reflexos diretos no potencial da imobilização de N, pois a mineralização promovida pelos microrganismos depende da relação C:N do material (VARGAS et al., 2004, citados por MACHADO et al., 2012). Portanto, é possível afirmar que existe uma excelente relação entre o AZOGEL e a intensidade de atividade microbiana no solo (afinidade biológica), uma vez que a matriz AZOGEL pode ser facilmente mineralizada e serve como substrato à divisão celular desses seres, aumentando suas populações e promovendo a melhoria na saúde do solo, sem ocasionar a imobilização de N para as culturas.
Estudos realizados na Universidade de Padua (Itália) analisaram o número de bactérias formadoras de colônias (UFC), ou seja, o número de células viáveis por grama de peso seco de solo. Os resultados mostraram que o AZOGEL aumenta o número de colônias presentes no solo. Nota-se também que há uma tendência decrescente com o passar do tempo, já que após cerca de 2 meses todo o nitrogênio de origem proteica foi mineralizado e absorvido. O experimento indicou importante desenvolvimento das populações microbianas, até a obtenção de uma população de aproximadamente 100 milhões de células viáveis por grama de solo seco, o que indica a resposta positiva dos microrganismos do solo ao fornecimento de nitrogênio e carbono orgânicos.
Portanto, como sugerem Malavolta et al. (2000), o valor de um fertilizante orgânico vai além do simples fornecimento de nutrientes, pois sua utilização confere muitos efeitos benéficos ao solo. A matéria orgânica funciona como uma fonte de energia para os microrganismos (que fixam o nitrogênio do ar na rizosfera e fungos que se associam as raízes), melhora a estrutura e o arejamento, além da capacidade de armazenar umidade.
Disponibilidade de nitrogênio e capacidade de troca de cátions (CTC)
Os fertilizantes oriundos da matriz AZOGEL apresentam liberação gradual de N, permitindo que este nutriente permaneça assimilável por mais tempo, o que promove desenvolvimento equilibrado da cultura. Isto ocorre porque, segundo Freitas (2017), esse tipo de fertilizante retarda a disponibilidade inicial de nutrientes, ou aumenta sua disponibilidade, visando sincronizar a liberação com a demanda da planta pelo nutriente, diminuindo perdas do produto no ambiente por lixiviação e aumenta potencialmente a eficiência da adubação nitrogenada.
Além disto, a capacidade de troca de cátions (CTC) do solo também é um importante fator para a produtividade de diversas culturas, pois influencia diretamente na estabilidade do solo, no pH, na disponibilidade de nutrientes e na eficácia da adubação. Portanto, quanto maior for a CTC de um solo, maior será sua fertilidade. O AZOGEL possui alta CTC, cerca de 180 mmol de C por quilograma, o que o caracteriza como um excelente produto para o solo.
Ainda, e não menos importante, diversos estudos mostraram que o AZOGEL apresenta elevada capacidade de hidratação, sendo necessária pequena quantidade de chuva ou irrigação para dar início ao processo de mineralização após a aplicação no solo. Por fim, é importante salientar que o AZOGEL é um produto que apresenta raro e elevado grau de sustentabilidade, pois garante as necessidades das gerações atuais e futuras, assegurando produtividade e rentabilidade com o máximo respeito ao meio ambiente.
Referências bibliográficas
ALVES, R.L. O USO DE AMINOÁCIDOS NA AGRICULTURA – Leitura obrigatória para quem utiliza fertilizantes foliares. UNESP, 2017. 4 p.
FREITAS, T. Fertilizantes nitrogenados convencionais, estabilizados, de liberação lenta ou controlada na cultura do cafeeiro: eficiência e custos. UFLA, Lavras, 2017. 97 p. (Dissertação de Mestrado)
MACHADO, D.M.; SCHOSSLER, T.R.; ZUFFO, A.M.; ANDRADE, F.R.; PIAUILINO, A.C. Atividades microbianas e as transformações no ciclo dos elementos no solo. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v.8, n.15; p.180-15, 2012.
MALAVOLTA, E; PIMENTEL-GOMES, F.; ALCARDE J.C. Adubos & adubações. São Paulo, Nobel, 2000. 200p.
NEU, V. Influência da Cobertura Vegetal na Ciclagem de Nutrientes Via Solução do Solo na Região de Manaus. (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP, Piracicaba, 2005.
RAIJ, B. V. Fertilidade do Solo e Adubação. CERES, Piracicaba: Instituto da Potassa & Fosfato, 1991.
RIBEIRO, E.M.P.; MELLO, P.B. A utilização do adubo de resíduos de apara de couro como fonte de nitrogênio no solo agrícola com ganhos energéticos e ambientais. UFRGS.
VARGAS, L. K. SELBACH, P. B.; SÁ, E, L, S. Alterações microbianas no solo durante o ciclo do milho nos sistemas plantio direto e convencional. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.8, p.749-755, 2004.
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas