ILSA Brasil – Compromisso com a produção sustentável
O desenvolvimento sustentável pode ser definido como o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das gerações futuras, ou seja, sem esgotar os recursos disponíveis, como cita o site WWF – Brasil. Neste sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) traz reflexões a respeito do impacto que o modelo linear de produção traz às cadeias produtivas e no consumo de recursos naturais, no sentido de trazer luz às questões que envolvem o desenvolvimento sustentável em uma economia global interconectada. Surge, então, a Economia Circular (EC), que tem como pilares o reuso, a reciclagem e a reparação de danos.
Afinal, o que é economia circular?
Como citam Santos et al. (2019), a relação existente entre a indústria e o meio ambiente é crucial para o desempenho dos negócios industriais, uma vez que os impactos ambientais aumentaram gradativamente a pressão sobre as indústrias dos mais variados setores. Devido às novas sociedades de consumo e ao crescimento vertiginoso da atividade industrial, as emissões para o meio ambiente, a geração de resíduos e os aterros sanitários tornaram-se cada vez mais numerosos (Santos et al., 2019). De acordo com Fischer e Pascucci (2017), o sistema linear de produção atual, com consumo e crescimento econômico cada vez maior está chegando ao fim, pois os recursos estão ficando escassos, causando volatilidade de preços, incertezas e crises econômicas, e ocasionando a deterioração dos ecossistemas.
Antoine-Laurent de Lavoisier (séc. XVIII), francês considerado pai da química moderna, pronunciou a célebre frase que anuncia a revolução econômica em construção neste início de século XXI: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Nesse contexto, a Economia Circular surge como uma alternativa ao modelo econômico tradicional, promovendo novos modelos de negócios e formas de consumo que auxiliam na estabilização do crescimento e na conservação ambiental (EMF, 2015). O conceito de EC, também conhecido como economia restaurativa por natureza, data da década de 70, mas as discussões sobre sua implementação ainda são relativamente recentes, emergindo fortemente em 2012, como cita Azevedo (2015). Para Barderi (2017), na EC, toda a cadeia de valor do produto é levada em consideração, desde a extração de matéria-prima, conversão, fabricação, distribuição, uso e, por fim, a gestão do final de vida, que inclui reuso, reciclagem, recuperação energética, dentre outros meios. Desta forma, é um modelo que não se baseia no consumo, mas no uso restaurativo, tendo ferramentas como a remanufatura para atingir tal finalidade (GUIDAT et al., 2014), utilizando o próprio funcionamento da natureza a favor da produção.
A aplicação da EC tem sido amplamente discutida na agricultura. Neste sentido, o potencial de inserção do Brasil nessa emergente economia de base biológica, circular e sustentável é nada menos que extraordinário, como explica Maurício Antônio Lopes, ex-presidente da Embrapa (2015), já que somos detentores de uma das mais sustentáveis agriculturas do planeta. Mas, ainda assim, há um caminho a ser percorrido. A transição para um modelo econômico circular na agricultura, segundo Hayashi et al. (2020), deve ser realizada no nível de cadeia de suprimentos e não apenas no nível individual de empresa, devido à abrangência do sistema agrícola. Essa transição demanda políticas de médio e longo prazo que promovam o redesenho dos sistemas de produção existentes, incorporando soluções tecnológicas integradas que permitam o desenvolvimento dos aspectos biogeoquímicos e técnicos do sistema circular.
Ainda para Hayashi et al. (2020), essa transição no setor agrícola gera uma série de oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e práticas comerciais lucrativas para abordar a utilização de resíduos, subprodutos e co-produtos agrícolas e deve ser baseada em três princípios: i) produzir utilizando o mínimo de insumos externos possível; ii) ciclagem de nutrientes e redução de descargas negativas no ambiente e; iii) valorização dos resíduos agrícolas. Para isso, deverá ser realizada uma análise integral da cadeia de valor do agro-alimento, incluindo a pecuária e a produção agrícola, o processamento de alimentos e o setor de varejo, fornecendo mecanismos para alcançar um aumento na reciclagem e valorização de resíduos agrícolas, maximizando o uso de subprodutos e co-produtos por meio da criação de novas cadeias de valor sustentáveis, assegurando a mudança gradativa para um modelo econômico circular na agricultura.
Processo produtivo da ILSA Brasil – Responsabilidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A ONU, em parceria com empresas brasileiras, instaurou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), constituídos por 17 objetivos ambiciosos e interconectados que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por empresas no Brasil e no mundo de forma que, para uma empresa ser considerada sustentável, deve atender a todos esses objetivos. Os ODS são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade, a fim de que atingir a Agenda 2030 no Brasil. Os objetivos são: 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e bem-estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de gênero; 6. Água potável e saneamento; 7. Energia limpa e acessível; 8. Trabalho decente e crescimento econômico; 9. Indústria, inovação e infraestrutura; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e produção responsáveis; 13. Ação contra a mudança global do clima; 14. Vida na água; 15. Vida terrestre; 16. Paz, justiça e instituições eficazes; e 17. Parcerias e meios de implementação.
A ILSA é referência mundial na busca e transformação de matérias-primas renováveis em produtos de alto desempenho para a agricultura moderna, não medindo esforços para estar alinhada aos ODS, e estabelece diversas práticas e atitudes que caminham sempre em direção à sustentabilidade, as quais serão apresentadas a seguir. Em consonância com os Objetivos 1, 12 e 13, utilizamos subprodutos da indústria coureiro-calçadista como matéria-prima para extração de colágeno e fabricação da matriz orgânica de todos os nossos fertilizantes. Quando os subprodutos do couro são destinados à produção de fertilizantes, evita-se passivos ambientais importantes e estimula-se a economia circular.
Além disto, ainda no que tange a preservação do meio ambiente, colaboramos para a conservação dos solos, dos recursos naturais e do aumento da biodiversidade do solo (Objetivos 13, 14 e 15), uma vez que nossos fertilizantes organominerais possuem alta concentração de nitrogênio (N) e outros componentes orgânicos, que servem como alimento aos microrganismos do solo e contribuem positivamente para o adequado desenvolvimento microbiano na rizosfera. Nossos fertilizantes orgânicos protegem o solo da contaminação com nitratos, pois a liberação gradual de N (mediada pela microbiologia do solo) faz com que este elemento seja utilizado em sua totalidade pelas plantas durante todo o seu ciclo produtivo. Desta forma, não ocorre lixiviação para os lençóis freáticos, rios e nascentes, promovendo a preservação das águas, como previsto nos Objetivos 6 e 14.
De acordo com Machado (2005), os ecossistemas terrestres que compreendem a vegetação e o solo são considerados atualmente como um grande sumidouro de carbono, especialmente os solos. Ainda segundo este autor, há diversas maneiras pelas quais o manejo apropriado da biosfera terrestre, particularmente do solo, possa resultar em significativa redução na emissão dos gases de efeito estufa (GEE). As lavouras e florestas que utilizam os fertilizantes ILSA contribuem para o sequestro de carbono, fixando-o novamente no solo, constituindo-se de um sistema economicamente viável e altamente eficaz (Objetivos 11 e 13). Além disto, com a tecnologia e inovação do processo produtivo dos fertilizantes ILSA, a produção de 1 kg de N utiliza 50 % menos energia que a produção de 1 kg de N mineral, atingindo os Objetivos 9 e 15.
Nos ODS previstos pela ONU, os Objetivos 1, 2, 3 e 4 estão diretamente relacionados às questões sociais e, nestes quesitos, a ILSA também é referência pois, em conjunto com nossos colaboradores, realizamos diversos trabalhos voluntários. A exemplo disto temos o programa ILSA Solidária, onde contribuímos com a educação ambiental de crianças e adolescentes de várias escolas municipais do entorno de nossas unidades e participamos da Campanha do Agasalho, em parceria com as prefeituras de diferentes municípios. Além deste trabalho, participamos também do projeto ARBORIZAR, que busca aumentar as espécies arbóreas nativas das áreas urbanas, através do plantio e da educação ambiental. Ademais, cumprindo os Objetivos 2, 3, 4 e 11, também relacionados às questões sociais, nosso trabalho diário no campo leva informação de qualidade a mais de 5 mil pessoas, contribuindo para o aumento da produção e da renda no campo. São 20 engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas no campo, trabalhando para aumentar a produção e a renda no campo.
Ainda, a ILSA em parceria com outras indústrias do setor, fundou a Associação das Indústrias de Fertilizantes Orgânicos do Rio Grande do Sul (Assiferto RS), reunindo 11 empresas associadas que, somadas, representam 90 % do volume total de fertilizantes orgânicos com registro no Estado. Juntas, as empresas associadas reciclam 560 mil toneladas de subprodutos. A Assiferto RS foi criada em 2017, com a finalidade de fortalecer e consolidar o manejo adequado de materiais orgânicos, desde a compostagem, biodigestão, esterilização e outros processos para a fabricação de fertilizantes orgânicos, sempre prezando pela ética, responsabilidade social e ambiental e competência, atingindo os Objetivos 16 e 17.
Para a ILSA Brasil, produtos eficientes e sustentáveis devem partir de uma produção igualmente eficiente e sustentável. Na base de nossos processos produtivos está o uso de matérias-primas renováveis e aproveitamento de subprodutos de outras cadeias produtivas. Nosso centro de Pesquisa e Desenvolvimento está comprometido em buscar soluções biotecnológicas que permitam obter substâncias e compostos bioativos para nutrir o solo e as plantas, promovendo uma agricultura saudável e em harmonia com o meio ambiente. Com isso, além de reduzir o impacto ambiental de cada produto, buscamos ser sustentáveis em todos os processos e estarmos alinhados aos 17 ODS da ONU e ao moderno conceito da Economia Circular.
Referências bibliográficas
AZEVEDO, J.L. A economia circular aplicada no Brasil: uma análise a partir dos instrumentos legais existentes para a logística reversa. XI Congresso Nacional de Excelência em Gestão, Rio de Janeiro, p. 1-17, 2015.
BARDERI, M.T. Aplicação dos princípios da economia circular em uma indústria de veículos comerciais. Centro Universitário FEI, São Paulo. 2017. 138 f. (Dissertação de Mestrado)
EMF – ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Towards the circular economy: Business rationale for an accelerated transition. Isle of Wight: EMF, 2015.
FISCHER, A.; PASCUCCI, S. Institutional incentives in circular economy transition: the case of material use in the Dutch textile industry. Journal of Cleaner Production, v.155, Part 2, p.17-32, 2017.
GUIDAT, T. et al. Guidelines for the definition of innovative industrial product-service systems (PSS) business models for remanufacturing. Procedia CIRP, Amsterdam, v.16, p. 193-198, 2014.
HAYASHI, C.; SARDINHA, D.S.; BOTEZELLI, L.; PAMPLIN, P.A.Z. Ciências ambientais: gestão e educação ambiental [livro eletrônico]. 1. ed., Ribeirão Preto, 2020. 27 p.
LOPES, M.A. A busca por uma nova economia. Jornal Correio Braziliense, Brasília, 2015. Opinião.
MACHADO, P.L.O.A. Carbono do solo e a mitigação da mudança climática global. Química Nova, vol.28, n.2, p. 329-334, 2005.
Organização das Nações Unidas (ONU) – Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/
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SANTOS, M.R.; SHIBAO, F.Y.; SILVA, F.C. Economia circular: conceitos e aplicação. Revista Eletrônica Gestão e Serviços, v.10, n.2, p. 2808-2826, 2019. ISSN Online: 2177-7284
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas