Introdução
A cana-de-açúcar é uma das principais culturas do mundo, sendo cultivada principalmente em regiões tropicais. É considerada uma importante fonte de renda e desenvolvimento, por ser a principal matéria-prima para a produção de etanol (biocombustível) e açúcar, além de movimentar o mercado de bebidas e ser utilizada como forrageira na sua forma in natura. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a área mundial de cultivo é de, aproximadamente, 24 milhões de hectares, com uma produção estimada em volta de 1,7 bilhões de toneladas por ano. Ainda de acordo com a FAO, o Brasil é o maior produtor mundial, seguido por Índia, China e México.
A primeira produção de colmos (caule típico das gramíneas) após o plantio é chamada de cana-planta. O ciclo da cana plantada pela primeira vez, ou seja, aquela que receberá o primeiro corte (primeira safra), recebe o nome de ciclo da cana-planta. Já a produção de colmos nas demais safras é denominada de cana-soca (nova brotação). Assim, após o corte da cana-planta, inicia-se um novo ciclo de aproximadamente 12 meses, denominado ciclo da cana-soca.
O conhecimento da exigência nutricional da cana-de-açúcar torna-se fundamental para o estudo da adubação, indicando a quantidade de nutrientes que deve ser fornecida (COLETI et al., 2006, citado por OLIVEIRA et al, 2010). Contudo, o total de nutrientes extraídos do solo pelas plantas varia entre variedades, ciclo de cultivo, manejo do solo e disponibilidade de nutrientes (CEOTTO & CASTELLI, 2002; citado por OLIVEIRA et al, 2010). Por isso, diversos estudos têm sido realizados, com intuito de buscar aprimoramento do manejo de adubação para incrementar a produção de cana-de-açúcar.
Tecnologia ILSA – Azoslow
O organomineral nitrogenado produzido pela ILSA Brasil, o AZOSLOW, apresenta fornecimento do nitrogênio orgânico de forma gradual, pois sua mineralização ocorrerá através da ação de microrganismos. Diante deste fato e além de inúmeras outras vantagens, podemos dizer que esse tipo de adubação permite redução no número de aplicações, pois o mineral será disponibilizado naturalmente durante todo o desenvolvimento da planta, muitas vezes sem a necessidade de adubações posteriores.
Outra vantagem é o aumento da resistência a doenças e ao ataque de pragas. Isso se deve ao fato de o N não ser liberado em uma única etapa, mas sim ao longo do ciclo, evitando inibição competitiva de absorção de outros nutrientes responsáveis pela rigidez de tecidos vegetais.
Por apresentar matriz composta por aminoácidos naturais, os fertilizantes da ILSA Brasil colaboram para que as plantas enfrentem melhor vários tipos de estresses bióticos e a abióticos, bem como ajudam no melhor desenvolvimento radicular permitindo que as plantas busquem água e nutrientes em camadas mais profundas do solo.
Comprovação da eficácia
Um ensaio foi realizado por Bonzi (2020), na Fazenda Campo Arado, da Empresa Neualco S.A., utilizando plantas de cana-de-açúcar em soca fase 1, da variedade RB 96 6928. O objetivo foi analisar o comportamento de plantas tratadas com fertilizantes aplicados em cobertura. Este experimento foi composto por uma testemunha, adubada com 150 kg.ha-1 de ureia, e uma área tratada com aplicação de dose única de 150 kg.ha-1 de AZOSLOW N29, com quatro repetições cada tratamento. A aplicação foi realizada no mês de novembro, quatro meses após o corte da cana, em faixas laterais, ou seja, na lateral da linha sem incorporação. Após o corte, ambos os tratamentos receberam fertilização de base.
Tabela 1. Produtividade em toneladas por hectare de plantas de cana soca.
Tratamento | Descrição | Produtividade (t.ha-1) |
1 | AZOSLOW N29 | 107,65 |
2 | Testemunha | 90,70 |
A colheita foi realizada aos 12 meses de idade do cultivo, de forma manual, onde cada tratamento foi analisado em relação à produtividade. O resultado obtido (tabela 1) foi de um acréscimo de 16,95 toneladas por hectare na área tratada com AZOSLOW N29. Este incremento de produtividade pode estar associado aos benefícios promovidos pelo uso de aminoácidos, pois, de acordo com Brandão (2007), o uso dessas substâncias na agricultura fornece maiores rendimentos e melhor qualidade de uma gama de plantas cultivadas. Este mesmo autor verificou a eficácia da aplicação de produtos com base em aminoácidos na cultura de cana-de-açúcar, observando um incremento de enraizamento em relação à testemunha.
A aplicação de aminoácidos em lavouras, segundo Bettoni et al. (2013), resulta em maior e mais rápido desenvolvimento, além de reduzir o gasto energético da planta, o que promove a produtividade. Todas essas características positivas se devem ao fato de serem rapidamente incorporados ao metabolismo como se fossem sintetizados pela planta contribuindo para o processo de desenvolvimento e crescimento (LIMA et al., 2009).
Outro fator favorável à utilização de aminoácidos na adubação é o aumento da tolerância a estresses abióticos e bióticos. Isto porque, segundo Castro e Carvalho (2014), essas substâncias são capazes de agir em processos fisiológicos da planta, como precursores de hormônios vegetais ou de enzimas, disponibilizando compostos promotores de crescimento. Ainda, os aminoácidos também conferem proteção ao ataque de pragas e doenças, por estarem associados à síntese de compostos fenólicos e lignina, aumentando a resistência da planta.
Referências bibliográficas
BETTONI, M.M.; FABBRIN, E.G.S.; OLINIK, J.R.; MÓGOR, A.F. Efeito da aplicação foliar de hidrolisado proteico sob a produtividade de cultivares de brócolis. Revista Agro@mbiente online, v. 7, n. 2, p. 179-183, 2013.
BONZI, J. Ensayo de fertilización de cobertura en caña soca. Resumo – Ensaio Técnico Científico Interno. 2020, 2p.
BRANDÃO, R.P. Importância dos Aminoácidos na agricultura sustentável. Informativo Bio Soja, São Joaquim da Barra, inf.5, p.6-8, 2007.
CASTRO, P.R.C.; CARVALHO, M.E.A. Aminoácidos e suas aplicações na agricultura. Série Produtor Rural, Piracicaba, n.57, 2014, 58 p.
CEOTTO, E. & CASTELLI, F. Radiation-use efficiency in fluecured tobacco (Nicotiana tabaccum L.): Response to nitrogen supply, climatic variability and sink limitation. Field Crops Res., 74:117-130, 2002.
COLETI, J.T.; CASAGRANDE, J.C.; STUPIELLO, J.J.; RIBEIRO, L.D. & OLIVEIRA, G.R. Remoção de macronutrientes pela cana-planta e cana-soca, em Argissolos, variedades RB83486 e SP81-3250. STAB, 24:32-36, 2006
LIMA, M. DA G. DE S.; MENDES, C. R.; NASCIMENTO, R. DO; LOPES, N. F.; CARVALHO, M. A. P. Avaliação bioquímica de plantas de milho pulverizadas com ureia isolada e em associação com aminoácidos. Revista Ceres, v.56, p.358-363, 2009.
OLIVEIRA, E.C.A.; FREIRE, F.J.; OLIVEIRA, R.I.; FREIRE, M.B.G.S.; SIMÕES NETO, D.E.; SILVA, S.A.M. extração e exportação de nutrientes por variedades de cana-de-açúcar cultivadas sob irrigação plena. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 34, p. 1343-1352, 2010.
Portal eletrônico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO): http://www.fao.org/
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas