As pastagens sejam elas nativas ou plantadas no inverno ou verão desempenham função primordial na produção animal em sistemas extensivos, semiextensivos ou intensivos no Brasil. A qualidade da pastagem reflete na conversão de peso animal e na produção de leite. As pastagens ocupam quase metade dos estabelecimentos rurais do país e alimentam mais de 200 milhões de animais, entre bois, ovelhas, cabras, cavalos e búfalos (EMBRAPA).
O Brasil possui o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, correspondendo a 18% do rebanho mundial, perdendo apenas para a Índia (MALAFAIA et al., 2019). A produção de bovinos de corte no Brasil é predominantemente explorada no sistema extensivo em regime de pasto, com pastagens nativas e, ou, cultivadas, com a produção distribuída em três fases distintas: cria, recria e engorda (SVERSUTTI; YADA, 2019). Além de estar entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, sendo que em 2021 a produção nacional foi de 35,3 bilhões de litros de leite (ANDRADE et al., 2023).
A boa produção de pastagem, independentemente da cultura, está intimamente relacionada com a manutenção do equilíbrio solo-planta-animal, uma vez que todos os nutrientes exportados devem ser repostos ao sistema, visando a sua longevidade (EDUCAPOINT, 2020).
Características dos tipos de pastagens
As pastagens nativas são o tipo de vegetação espontânea que possuem algum tipo de valor forrageiro, esse tipo de vegetação cresce após a destruição da vegetação original. As pastagens nativas com expressivo valor econômico para a produção de carne bovina no Brasil encontram-se localizadas em diferentes ecossistemas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. Devido à grande variabilidade na fisionomia e na composição florística dos diferentes ecossistemas, as pastagens nativas variam desde um extrato herbáceo com gramíneas e leguminosas até um arbustivo arbóreo com plantas de médio porte (SVERSUTTI; YADA, 2019).
Quando as pastagens naturais se apresentam com o seu potencial quantitativo e qualitativo ou a sua persistência afetada, então poderemos recorrer a técnicas de melhoramento de pastagens. Essas técnicas englobam correção e fertilização adequadas do solo, introdução de espécies através de técnicas sem perturbação do substrato herbáceo existente como a sementeira direta, e pela adoção de um manejo correto com o objetivo de termos uma pastagem natural melhorada (FREIXIAL; BARROS, 2012).
As pastagens cultivadas (inverno ou verão) são compostas de espécies exóticas ou nativas, onde já não existe a vegetação original (SVERSUTTI; YADA, 2019). Elas estão normalmente incluídas em rotações agronomicamente coerentes com outras culturas, tendo por isso uma duração mais curta e variável, em função dos objetivos e critérios adotados para a rotação (FREIXIAL; BARROS, 2012).
Nas pastagens de inverno, o cultivo de plantas forrageiras hibernais é favorável na região sul do Brasil (FERRAZZA et al, 2013). São exemplos de forrageiras anuais de inverno que vêm sendo utilizadas para suprir esta necessidade alimentar dos animais o azevém, aveia preta e branca, centeio, triticale e trigo (NICOLOSO; LANZANOVA; LOVATO, 2006).
O Brasil e um país com clima predominantemente tropical, marcado por temperaturas elevadas durante o verão. E para as pastagens de verão, os tipos são diversos. E entre eles, podemos citar: sorgos para corte e/ou pastejo que são híbridos interespecíficos de Sorghum bicolor x Sorghum sudanense (capim-Sudão), milheto (Pennisetum americanum), capim-aruana (Panicum maximum cv. Aruana), capim-aries (Panicum maximum cv. Aries) e as braquiárias (Urochloa brizantha – antiga Brachiaria brizantha – cv. Xaraés) (EMBRAPA).
Importância da adubação para pastagens
Para Santos (2010) o efeito mais difundido da adubação em pastagens consiste no aumento da produção de forragem por unidade de área. Isso faz com que seja comum associar adubação de pastagens com sistemas de alto nível tecnológico ou intensivos. Em sistemas intensivos de produção baseados na utilização de pastagens, a adubação é ação de manejo geralmente presente e fundamental (SANTOS, 2010). Como exemplo de utilização da adubação para elevar a produção animal em pastagens, pode-se citar o trabalho conduzido por Moreira (2000) no verão, que avaliou a produção primária e secundária da Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária) adubada com quatro doses de nitrogênio (75, 150, 225 e 300 kg/ha de N). O capim-braquiária foi manejado com taxa de lotação variável a fim de manter a altura média do pasto em aproximadamente 20 cm. Neste manejo, os pastos adubados com maiores doses de N expressaram maior taxa de crescimento e, consequentemente, superior acúmulo de forragem, o que tornou necessário o aumento da taxa de lotação da pastagem para manter a altura média do pasto dentro da meta almejada (20 cm). Com isso, houve superior produção animal por unidade de área naqueles pastos adubados com maiores doses de nitrogênio, sem prejuízo ao desempenho animal (SANTOS, 2010).
Dentre as principais estratégias de manejo (Figura 1) estão à adubação nitrogenada e a intensidade de pastejo (altura), pois ambas, quando bem orientadas, aumentam o rendimento de forragem e melhoram o desempenho de cultivo semeadas em sucessão (ASSMANN et al., 2003). Sabe-se que diferentes intensidades de pastejo (CARVALHO et al., 2010) e estratégias de adubação nitrogenada (LUPATINI et al., 2013) alteram a estrutura do pasto, afetando o comportamento ingestivo dos animais em pastejo e, consequentemente, a produtividade animal em sistemas de integração lavoura-pecuária.
Figura 1- Objetivos possíveis de serem alcançados com a adubação de pastagens. Fonte: Santos, 2010.
A adubação de sistemas tem base na ciclagem biológica de nutrientes, que é entendida como o fluxo ou a movimentação dos nutrientes nos diferentes compartimentos do ecossistema de pastagem (solo-planta-animal-atmosfera) (DE SÁ SOUZA et al., 2028). A disponibilidade dos nutrientes é dada em função de alterações moleculares com a finalidade de serem utilizados pela microbiota do solo, espécies vegetais e animais dentro da pastagem (DUBEUX JR et al., 2006). E quando falamos de um sistema de rotação de culturas busca-se a máxima eficiência de uso dos nutrientes, redução das entradas, evitando perdas e mantendo a fertilidade do solo no longo prazo (BARRIGA, 2019). Ademais, deve considerar todas as culturas envolvidas e que a transferência de nutrientes é componente chave para o sucesso do sistema produtivo (ASSMANN; SOARES, 2016).
Para Barriga (2019) a adubação de sistemas visa o fornecimento dos nutrientes à cultura de inverno, com o intuito de que também a ciclagem promova a liberação destes à cultura de verão. Busca-se fazer a adubação nitrogenada, na fase pastagem, que normalmente é no inverno, pois neste momento o custo do insumo é menor, além disso, devido às menores temperaturas, espera-se menores perdas de N por volatilização. Além do fator temperatura, devido a pastagem ser conduzida sob espaçamento menor, com a presença de raízes e cobertura de solo, existe maior capacidade de absorção do nutriente, o que permite maximizar o uso do nitrogênio quando aplicado na cultura forrageira durante o inverno (ASSMANN, 2008; DE BORTOLLI, 2016). Por exemplo, enquanto no mês de setembro um cultivo de milho apresenta 7 plantas por m2, uma pastagem de azevém pode apresentar 4600 perfilhos por m2 (PONTES et al., 2003), o que propicia a interceptação de moléculas nitrogenadas pelas raízes, e sua absorção, evitando perdas por lixiviação.
Bem como o nitrogênio podemos citar o fósforo que tem papel importante no arranque inicial das plantas e na maximização do perfilhamento, aliado à sua atuação no metabolismo energético (PEREIRA et al., 2018). E o potássio o qual se encontra presente em diversos processos na planta, com destaque à regulação osmótica e movimentos estomáticos.
Embora não se tendo costume de adubar pastagens com fontes específicas de enxofre (S), esse nutriente está intimamente ligado ao metabolismo de N e deve ser levado em conta na hora da adubação (PEREIRA et al., 2018).
O cultivo de pastagens em solos pobres em fertilidade, com calagem frequente sem os devidos cálculos e o aumento da produtividade estão favorecendo o surgimento de deficiência de micronutrientes (RAIJ et al., 1997 apud PEREIRA, 2018). Nesse sentido, as forrageiras não conseguem expressar seu máximo potencial produtivo, pois os micronutrientes desempenham funções vitais na planta, como composição de compostos responsáveis por processos metabólicos e fenológicos, ativadores enzimáticos e até mesmo na produção e regulação de fitormônios (PEREIRA et al., 2018).
Outro fator importante é a adubação de manutenção já que as pastagens são classificadas como culturas perenes, dessa forma, permanecem por um período mais extenso no campo; então recomenda-se adubações de manutenção, de modo que os nutrientes continuem sendo fornecidos às plantas nas quantidades adequadas para que se tenha a produção de biomassa desejada.
A atmosfera, o solo, as espécies vegetais e os animais em pastejo são considerados os maiores compartimentos de nitrogênio (N) dentro de ecossistemas de pastagens, onde fatores bióticos (vegetação, animais e microrganismos) e abióticos (umidade e energia radiante) são responsáveis pela sua movimentação nos diferentes compartimentos (DUBEUX JR et al., 2007). Na maioria das terras agrícolas do mundo, o nitrogênio é considerado o nutriente mais limitante para as culturas, em razão de sua baixa disponibilidade em regiões tropicais, contribuindo para o aumento da degradação de pastagens (VENDRAMINI et al., 2007).
Os nutrientes com alta mobilidade no solo, a exemplo do nitrogênio e potássio, são mais facilmente lixiviados, principalmente em solos mais profundos, sendo translocados pela água da chuva, dificultando o acesso do sistema radicular de muitas culturas aos nutrientes. Enquanto a volatilização, processo geralmente observado com o nitrogênio, ocorre por intermédio da desnitrificação (TEIXEIRA, 2010).
Dentre os principais fatores que interferem na dinâmica do nitrogênio, merece destaque a relação carbono:nitrogênio (C:N) da matéria orgânica do solo (MOS), a qual determina a velocidade de decomposição, como também, interfere na mineralização ou imobilização do nitrogênio por parte da microbiota do solo (Figura 2) (DE SÁ SOUZA et al, 2018). Troeh & Thompson (2007) explicaram que quando a atividade microbiana atua sobre a decomposição da MOS, ocorre a liberação de formas inorgânicas de elementos, processo este conhecido como mineralização. Porém, quando íons inorgânicos são convertidos em formas orgânicas, denomina-se imobilização (TROEH & THOMPSON, 2007). Esses autores ainda afirmaram que boa parte da imobilização do nitrogênio ocorre devido ao fato dos microrganismos do solo necessitarem de nitrogênio para sintetizarem proteínas, chegando-se a conclusão de que a introdução de materiais decomponíveis no solo com baixas concentrações deste nutriente, acarretará maior imobilização do mesmo (DE SÁ SOUZA et al, 2018).
As pastagens assumem um papel fundamental, tanto na movimentação, quanto no conteúdo de carbono no solo. De acordo com Braga (2006) aproximadamente 20% da circulação de carbono no planeta, e 12% do carbono estocado no solo são provenientes das pastagens.
Figura 2. Ciclo do nitrogênio em um sistema de cultivo. Fonte: ILSA
O nitrogênio aplicado no inverno possibilita maiores rendimentos da pastagem e do produto animal, permanecendo no sistema e podendo ser utilizado pela cultura subsequente. Este efeito caracteriza a ciclagem de nutrientes e permite a prática de fertilização do sistema de produção e não restritivo apenas à cultura em questão (BARRIGA,2019). Tem-se melhor aproveitamento dos nutrientes há redução do custo de produção bem como menores impactos ambientais considerando a dinâmica do nutriente num sistema de produção de culturas (SARTOR, 2014).
Sandini et al. (2011) dizem que a utilização de N em pastagens de inverno contribui para o aumento da produção da forrageira, a produção dos animais em pastejo com maior ganho de peso e aumento da carga animal, além da produção de grãos das culturas subsequentes. A adubação nitrogenada tem efeito direto sobre o aumento na produção de forragem bem como a capacidade de suporte da pastagem (DE BORTOLLI, 2016). Correa et al. (2006) evidenciaram que a aplicação de 200 kg por ha de N promoveu aumento na capacidade de suporte da pastagem, existindo uma carga animal equivalente a dois hectares não adubados. Follmann (2015) afirma que o nitrogênio aplicado na pastagem proporcionará um aumento na produção vegetal que será consumida pelos animais, resultando em maior produção de leite ou carne, promovendo também maior capacidade de suporte de animais pela pastagem e ciclagem do N devido ao retorno de material vegetal com melhor qualidade ao solo (menor relação C:N).
Conforme visto a importância de realizar a adubação nas pastagens em todos seus tipos e regiões onde se estabeleçam, a ILSA possui como ferramenta os fertilizantes nitrogenados obtidos a partir da matriz AZOGEL, rica em nitrogênio orgânico e aminoácidos com baixa relação C:N, o que permite que o N presente no fertilizante seja absorvido pela planta. AZOSLOW é um fertilizante organomineral peletizado formulado a partir da combinação da matriz AZOGEL com fontes minerais de nitrogênio, o que promove um melhor aproveitamento e absorção do N pelas plantas gerando incrementos de produtividade na forragem. Além de favorecer a absorção de N a presença da matriz AZOGEL contribui para a atividade de microrganismos de solo, potencializando os processos de mineralização do nitrogênio presente na matéria orgânica do solo. A adubação nitrogenada é fundamental para o estabelecimento da pastagem, perfilhamento, qualidade e produção (CORSI, 1994), entretanto, a aplicação do N em uma só vez pode favorecer as perdas por lixiviação em função de sua mobilidade no solo na forma de nitrato (NO3-). De Bortolli (2016) e Bernardon (2016), observaram que a adubação nitrogenada aumentou a disponibilidade de N mineral para as plantas na camada superficial do solo, favorecendo a produtividade da pastagem. A adubação nitrogenada da pastagem promove maior produção de biomassa e ciclagem de nutrientes, favorecendo a produtividade dos cultivos subsequentes (SVERSUTTI, YADA, 2019).
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Autores
- Eng. Agr. Dra. Angélica Schmitz Heinzen
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas