A Embrapa Soja estima que foram colhidas cerca de 355,588 milhões de toneladas de soja na safra mundial de 2021/22, sendo 123.829,5 milhões de toneladas colhidas em solo nacional, consolidando a liderança do Brasil na produção do grão, seguido por Estados Unidos e Argentina. Além disto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentre os principais produtos oriundos da agricultura no ano de 2021, a soja obteve o maior valor de produção, um montante estimado em 341.747.600 mil reais. A Embrapa Soja explica que história da sojicultura no Brasil começa no fim da década de 60, onde dois fatores internos fizeram o País começar a enxergar a soja como um produto comercial, fato que mais tarde influenciaria no cenário mundial de produção do grão. Na época, o trigo era a principal cultura do Sul do Brasil e a soja surgia como uma opção de verão, em sucessão ao trigo. O Brasil também iniciava um esforço para produção de suínos e aves, gerando forte demanda por farelo de soja. Em 1966, a produção comercial de soja já era uma necessidade estratégica, sendo produzidas cerca de 500 mil toneladas no País.
A explosão do preço da soja no mercado mundial, em meados de 1970, desperta ainda mais os agricultores e o próprio governo brasileiro. O País se beneficia de uma vantagem competitiva em relação aos outros países produtores: o escoamento da safra brasileira ocorre na entressafra americana, quando os preços atingem as maiores cotações. Desde então, o País passou a investir em tecnologia para adaptação da cultura às condições brasileiras, como melhoria de solo e condições genéticas, processo liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em relação à absorção de nutrientes, a soja apresenta uma taxa inicial bastante reduzida, devido ao seu pequeno crescimento nesta fase. De acordo com Carmello e Oliveira (2006), a etapa de maior exigência nutricional inicia-se por volta dos 30 dias e se mantém elevada até o início do enchimento dos grãos, quando a fixação de nitrogênio e a atividade fotossintética são elevadas e produzem um desenvolvimento mais acelerado. Estes autores ainda citam que uma intensa translocação de nutrientes, acumulados nas partes vegetativas, ocorre à medida que o enchimento de grãos evolui, diminuindo a demanda por nutrientes do solo. Posteriormente, as atividades fisiológicas apresentam redução sensível, encerrando, com a maturação da planta, a absorção e o processo fotossintético.
É de conhecimento geral que, após sucessivos cultivos, os estoques de nutrientes fiquem comprometidos no solo, exigindo uma complementação através da adubação. A prática da adubação consiste, segundo Malavolta (1989), em acrescentar ao solo os nutrientes que ele não pode mais fornecer aos vegetais, preenchendo a lacuna que existe entre as exigências da planta e a reserva do solo. Portanto, diversos são os fatores a se considerar na escolha do fertilizante ideal para a lavoura. As exigências da cultura, o impacto ambiental gerado pelo fertilizante, a forma de absorção e seu potencial de aumento de produtividade são alguns deles. Com isto, a ILSA Brasil, em parceria com o Instituto de Pesquisas Agronômicas Agroconect, realizou um experimento com o objetivo de avaliar o uso do fertilizante organomineral Gradual MIX® 06 15 10 no incremento na produtividade de soja.
Material e métodos
O ensaio foi realizado no campo experimental do Instituto de Pesquisa Agroconect LTDA, sob supervisão da Eng. Agr. Ma. Francine F. de M. Nava, no município de Erechim, RS. A cultivar de soja utilizada foi a BMX Zeus 55i57 RSF IPRO, com semeadura no dia 23/11/2021 e colheita 25/04/2022, densidade de 13 sementes por metro e espaçamento entre linhas de 0,5 m. O solo da região é classificado como Latossolo Vermelho Aluminoférrico húmico, e realizou-se uma adubação de base em conjunto com cloreto de potássio (KCl). Os tratamentos estão descritos na Tabela 1, com quatro repetições cada tratamento. O fertilizante utilizado para o Tratamento ILSA Brasil® foi Gradual MIX®, na formulação 06 15 10, e a formulação 05 30 15 para o Tratamento Padrão.
Tabela 1. Tratamentos, doses e época de aplicação.
Tratamento | Formulação | Dose (kg ha-1) | Época de aplicação |
Padrão | 05 30 15 | 300 | Sulco |
00 00 60 | 150 | V7 | |
ILSA Brasil® | 06 15 10 | 300 | Sulco |
00 00 60 | 150 | V7 |
Em relação às condições climáticas durante o período do ensaio, a temperatura média registrada foi de 21,18 ºC e a precipitação total de 742,2 mm. O manejo fitossanitário foi realizado de acordo com a necessidade e as recomendações para a cultura da soja. Os tratamentos foram avaliados quanto aos componentes de rendimento: produtividade – em sacas por hectare (sc ha-1), e massa de mil grãos (g) com ajuste da umidade dos grãos para 13 %, a partir da área útil de cada unidade experimental. Os dados obtidos foram submetidos ao teste F (p≤0,05).
Resultados e discussão
Os dados de produtividade (sc ha-1) e massa de mil grãos (g) estão descritos na Tabela 2. Para a variável produtividade, o tratamento com ILSA Gradual Mix 06 15 10 obteve o resultado de 82 sc ha-1, em comparação à testemunha, que obteve 79 sc ha-1, gerando um incremento de três sc ha-1, o que confirma o altíssimo nível dos fertilizantes ILSA Brasil®. O fertilizante organomineral Gradual MIX®, assim como todos os fertilizantes da ILSA Brasil®, possui liberação gradativa de nitrogênio, o que permite que este nutriente permaneça assimilável por mais tempo, proporcionando o desenvolvimento equilibrado da cultura. Freitas (2017) explica que isto ocorre porque esse tipo de fertilizante retarda a disponibilidade inicial de nutrientes, ou aumenta sua disponibilidade, visando sincronizar a liberação com a demanda da planta pelo nutriente, diminuindo perdas do produto no ambiente por lixiviação e aumenta potencialmente a eficiência da adubação nitrogenada.
Tabela 2. Produtividade (sc ha-1) e massa de mil grãos (g) de soja submetida a diferentes fertilizantes de base.
Tratamento | Produtividade sc ha-1 | Massa de mil grãos g |
Padrão | 79,0 | 223,9 |
ILSA Brasil® | 82,0 | 215,5 |
Média | 80,5 | 219,7 |
Outro fator importante a ser considerado é a capacidade de troca de cátions (CTC), que influencia diretamente na produtividade das lavouras. A CTC interfere diretamente na estabilidade do solo, no pH, na disponibilidade de nutrientes e na eficácia da adubação. O Gradual MIX®, na formulação utilizada neste ensaio, possui CTC de 80 %, também justificando a maior produtividade em relação ao tratamento Padrão. Permitir o bom desenvolvimento de microrganismos do solo é um fator indispensável em um bom fertilizante, pois também contribui para aumento de produtividade, uma vez que estes seres estão diretamente relacionados à ciclagem e posterior disponibilidade de nutrientes. A matriz AZOGEL®, utilizada na formulação dos fertilizantes sólidos da ILSA Brasil®, tem alta afinidade biológica, mais uma vez justificando o maior valor em produtividade. Esta matriz também caracteriza-se pela presença de diversos aminoácidos essenciais, que contribuem significativamente para a produtividade – de acordo com Gazola et al. (2015), podendo ser utilizados em momentos de maior exigência da planta.
Em relação ao parâmetro massa de mil grãos (Tabela 2), o tratamento Padrão obteve melhor resultado, entretanto esta discreta diferença não interferiu na produtividade final. Isto pode ser explicado pelo fato de o tratamento com Gradual MIX® ter propiciado um maior número de grãos por vagem, o que justifica a sua produtividade superior e ressaltando o seu potencial para o uso em sojicultura.
Conclusão
Fertilizantes organominerais são a aposta de futuro. Isto porque, de acordo Teixeira et al. (2014), a aplicação destes insumos reduz os altos custos com adubação e permite o suprimento simultâneo de nutrientes minerais e matéria orgânica. Além desta característica, o Gradual MIX® promove, de forma gradativa, o suprimento de nutrientes associados ao fornecimento de aminoácidos, tornando-se um produto diferenciado dos demais disponibilizados no mercado. Isto ocorre em função da sua matriz orgânica, o AZOGEL®, que se trata de uma gelatina agrícola proveniente do colágeno animal. É imprescindível ressaltar a importância dos aminoácidos para a agricultura. Isto porque, como ressaltam Albuquerque e Dantas (2010), os aminoácidos estão envolvidos em grande parte do metabolismo primário e secundário, levando à síntese de vários compostos que influenciam na produtividade.
Considera-se, a partir de algumas evidências, que alguns aminoácidos podem agir como protetores das plantas da ação de sais minerais e outros agroquímicos ou, ao contrário, incrementar a absorção e efeito desses produtos (Castro, 2006). Mesmo sendo capazes de sintetizar os 20 aminoácidos essenciais, o fornecimento exógeno em plantas apresenta excelentes resultados. Castro e Carvalho (2014) consideram que os aminoácidos podem ser enquadrados no grupo de antiestressantes, compostos capazes de agir em processos morfofisiológicos do vegetal como precursores de um hormônio endógeno ou de enzimas e da disponibilização de compostos formadores de promotores de crescimento. Neste sentido, mesmo passando por situações de estresse, a planta recupera-se rapidamente, mitigando qualquer efeito negativo à produtividade.
Por fim, é fundamental dizer que todos os fertilizantes produzidos pela ILSA Brasil® possuem baixo impacto ambiental, em todos os seus processos produtivos, contribuindo para um sistema produtivo sustentável e apoiando o meio ambiente, além do incremento gerado na produtividade. O processo de adubação deve realizado ser de forma racional, o que pressupõe a utilização adequada dos fertilizantes, evitando aplicações insuficientes ou excessivas, de modo a fornecer às plantas os nutrientes que efetivamente são necessários, nas quantidades e épocas adequadas, preservando simultaneamente o ambiente. Para tal, é necessário não só conhecer o estado de fertilidade do solo, mas também saber se os nutrientes ali existentes estão sendo efetivamente aproveitados pela cultura. Portanto, as doses a serem utilizadas devem ser baseadas em análise de solo e por recomendação de um engenheiro agrônomo.
Referências bibliográficas
ALBUQUERQUE, T. C. S. de. DANTAS, B. F. Aplicação foliar de aminoácidos e a qualidade das uvas da cv. – Boa Vista: Embrapa Roraima, 2010. 19p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento/ Embrapa Roraima, 23).
CARMELLO, Q.A.C.; OLIVEIRA, F.A. de. Nutrição de lavouras de soja: situação atual e perspectivas. Revista Visão Agrícola, Piracicaba, n. 5, p. 8-11, 2006.
CASTRO, P.R.C. Agroquímicos de controle hormonal na agricultura tropical. Série Produtor Rural, ESALQ, Piracicaba, n. 32, 2006. 46 p.
CASTRO, P.C.R.; CARVALHO, M.E.A. Aminoácidos e suas aplicações na agricultura. Série Produtor Rural, ESALQ, Piracicaba, n. 57, 2014. 60 p.
Embrapa Soja – Soja em números (safra 2021/22). Disponível em: https://www.embrapa.br/en/soja/cultivos/soja1/dados-economicos
FREITAS, T. Fertilizantes nitrogenados convencionais, estabilizados, de liberação lenta ou controlada na cultura do cafeeiro: eficiência e custos. UFLA, Lavras, 2017. 97 p. (Dissertação de Mestrado)
GAZOLA, D.; ZUCARELI, C.; FURQUIM, C.M.P.; MARINHO, J.L.; SILVA, R.R.; RINGENBERG, R. Aminoácidos no desenvolvimento da planta e na formação de raízes tuberosas em genótipos de mandioca (Manihot esculenta Crantz). Anais 16º Congresso Brasileiro de Mandioca, Foz do Iguaçu, 2015.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Produção Agropecuária. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/producao-agropecuaria/
MALAVOLTA, E. ABC da adubação. 5 ed. São Paulo: Ceres, 1989, 294 p.
TEIXEIRA, W.G.; SOUSA, R.T.X.; KORNDÖRFER, G.H. resposta da cana-de-açúcar a doses de fósforo fornecidas por fertilizante organomineral. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 30, n. 6, p. 1729-1736, 2014.
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas