Os frutos de caroço – também conhecidos como drupáceas, encontraram nos estados do Sul e do Sudeste brasileiro o clima propício para a produção. Além disso, pesquisas e melhoramento genético ajudaram a selecionar as variedades com maior adaptabilidade às condições regionais. Os estados da região Sul do Brasil são, de acordo com dados da Embrapa, os que apresentam as melhores condições naturais para a produção comercial de ameixa e outros frutos de caroço. O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, com média de 128.568 toneladas por ano, correspondendo a 63,8 % da produção total do país. Segue São Paulo, com 33.734, Santa Catarina, com 17.790 e Paraná, com 10.641 toneladas por ano. No grupo de frutas de caroço produzidas no Brasil, destaca-se a produção de pêssego (Prunus persica vulgaris L.), seguido pela ameixa (Prunus salicina L.) e nectarina (Prunus persica nucipersica L.), sendo que a área com pessegueiro representa mais de 80 % da área cultivada (Fachinello et al., 2011). Outros frutos de caroço como a cereja e o damasco têm produção inexpressiva.
De acordo com Rombolà et al. (2012), as exigências nutricionais das drupáceas em plena capacidade produtiva variam fortemente em função da espécie e do porta-enxerto adotado, aumentado sensivelmente em função do volume de produção. Nessa fase, as exportações de nutrientes são determinadas pelo crescimento dos órgãos perenes, pela madeira de poda, pelas folhas caídas e pelos frutos. Neste estágio, dois minerais são indispensáveis: o nitrogênio (N) e o potássio (K), que devem ser utilizados em adubação de manutenção do pomar. Entretanto, é importante mencionar que a adubação inadequada pode causar prejuízos às plantas, deixando-as, portanto, mais suscetíveis aos fitopatógenos. Em geral, o excesso de nitrogênio e a falta de potássio nas plantas aumentam a intensidade de ocorrência de doenças, como a podridão-parda, a bacteriose, a queima de ramos, entre outras, como citam Mayer et al. (2019).
Como o potássio atua nas plantas?
O potássio é um macronutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas que afeta diversos processos fisiológicos fundamentais (Clarkson e Hanson, 1980). É o cátion mais abundante nas células vegetais e pode ser armazenado no citoplasma e/ou no vacúolo, enquanto a distribuição das concentrações de K entre esses compartimentos determina sua função na planta (Marschner, 1995). Além disso, o K é caracterizado por apresentar alta mobilidade, não apenas no transporte de curta distância, como entre células individuais e tecidos vizinhos, mas também no transporte de longa distância – através do xilema e floema. Essas características fazem com que o K seja o principal nutriente responsável pelo controle de diversos processos fisiológicos e bioquímicos na planta, tais como: ativação enzimática, regulação do potencial osmótico celular, neutralização de ânions moleculares solúveis e insolúveis e estabilização do pH celular (Marschner, 1995).
O potássio desempenha um papel integral nas relações planta-água e está relacionado a inúmeras funções fisiológicas onde a água está envolvida, incluindo transpiração, manutenção do turgor celular, abertura e fechamento estomático e ativação enzimática. Além disso, atua na fotossíntese e translocação dos fotossintetizados, pois está indiretamente relacionado à síntese da enzima RuBisCO –responsável pela catalisação das reações necessárias para a assimilação de CO2 e posterior conversão em glicose. Como já mencionado, devido ao fato de o K estar relacionado às ativações enzimáticas, é capaz também de promover a resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos.
Para frutíferas de caroço, como já mencionado, os principais elementos minerais que as plantas necessitam são o nitrogênio e o potássio. O K participa direta ou indiretamente de inúmeros processos bioquímicos das plantas e está envolvido com o metabolismo de carboidratos, fotossíntese e respiração (Song et al., 2015). Nos pomares, a adubação potássica está relacionada com a qualidade dos frutos (Nava et al., 2008; Lester et al., 2010). O K é um nutriente extremamente importante na qualidade dos frutos, promovendo coloração mais intensa e melhorando o sabor. Por estar relacionado a aspectos como transporte de carboidratos através da planta, a nutrição adequada de K promove o desenvolvimento de frutos maiores e mais doces e, portanto, com alta qualidade comercial, uma vez que mantém o equilíbrio entre os teores de açúcares e ácidos e melhora o potencial de armazenamento. Entretanto, o excesso deste nutriente pode reduzir o potencial de armazenamento dos frutos em pós-colheita e inibir a absorção de magnésio, acentuando os desequilíbrios e reduzindo a durabilidade pós-colheita (Cuquel et al., 2004).
Sintomas de deficiência de potássio nos frutos de caroço
As deficiências de K resultam em alterações de inúmeras funções fisiológicas, incluindo relações hídricas, ativação enzimática, equilíbrio de carga de íons, crescimento deficiente, rendimento reduzido e redução de resistência ao estresse (Oosterhuis et al., 2014). Nas folhas, inicialmente, aparecem manchas necróticas ao longo de quase toda a borda do limbo, progredindo em direção à nervura central, sem, no entanto, atingir toda a folha. As bordas das folhas enrolam-se para cima até tocarem-se, formando um cartucho característico. Por se tratar de um elemento com alta mobilidade na planta, os sintomas são primeiramente observados nas folhas mais velhas. Então, sob deficiência, o K move-se facilmente para as folhas que estão em crescimento e, portanto, necessitam de uma maior demanda (Fernandes et al., 2006; Yost et al., 2011).
O potássio está associado ao processo de lignificação das células do esclerênquima, conferindo às plantas aumento de espessura de folhas e casca de frutos, promovendo resistência ao ataque de pragas e doenças. Quando o potássio está deficitário, as plantas se tornam suscetíveis a doenças, reduzindo a produção e qualidade dos frutos (Serrat et al., 2004), sendo as frutas de caroço são muito vulneráveis à deficiência deste elemento (Malavolta et al., 1997). Especialmente na cultura do pêssego, a deficiência de K associa-se, em muitos estudos, à infecção por podridão parda (Monilinia fructicola Winter) – principal doença das fruteiras de caroço, sobretudo nas fases de floração e nos estágios finais de frutificação. A coincidência de condições ambientais favoráveis à doença com o período de frutificação favorece a podridão de frutos ainda na planta, ocasionando frutos mumificados que podem servir como fonte de inóculo secundário (Hong et al., 1997).
ETIXAMIN KALLY® – Tecnologia exclusiva ILSA Brasil
Devido à importância do potássio para as frutíferas de caroço, o fornecimento adequado deste nutriente pode ser fator determinante para uma boa produção. ILSA Brasil recomenda o uso do fertilizante organomineral ETIXAMIN KALLY®, formulado em pó solúvel para aplicação via foliar ou em fertirrigação. Este fertilizante é produzido a partir do GELAMIN®, matriz orgânica fabricada a partir do colágeno e, portanto, caracterizando-se pela alta concentração de nitrogênio, aminoácidos e carbono orgânico, obtida através de um processo industrial inovador e sustentável denominado Fully Controlled Enzymatic Hydrolysis (FCHE®).
O ETIXAMIN KALLY® fornece, além do K e do N, aminoácidos e enxofre simultaneamente, o que os diferencia dos fertilizantes similares. O K, como já mencionado, é fundamental para a qualidade dos frutos, pois está associado ao processo de translocação de açúcares e ácidos orgânicos, contribuindo para o balanço ideal entre acidez e teor de sólidos solúveis. Os aminoácidos, por sua vez, são ativadores de enzimas e fitormônios, que atuam direta e indiretamente no processo fotossintético e, por consequência, no transporte de açúcares na planta.
A adubação com ETIXAMIN KALLY® incrementa a qualidade dos frutos e ainda favorece a resistência contra estresses bióticos e abióticos, uma vez que o potássio, como já citado, está diretamente relacionado à ativação enzimática, promovendo a proteção da cultura, além de aumentar o processo de lignificação da cutícula das folhas e da parede celular das células, o que impede a entrada de fitopatógenos e o progresso de infecções.
Além disto, este fertilizante estimula a fotossíntese e tantos outros processos metabólicos, promovendo o crescimento equilibrado das plantas, gerando incremento de produtividade. Ainda, por ser uma tecnologia sustentável em todos os seus processos produtivos, o ETIXAMIN KALLY®, assim como todos os fertilizantes da ILSA Brasil, possui baixo impacto ambiental.
Plano ILSA Brasil de adubação para fruteiras de caroço
Figura 1. Fases fenológicas do pessegueiro e plano de fertilização ILSA.
Além do ETIXAMIN Kally®, a ILSA Brasil ainda dispõe de outros fertilizantes organominerais fabricados a partir das matrizes GELAMIN® (base para aplicação foliar e fertirrigação) e AZOGEL® (base para sólidos de aplicação via solo), que podem ser aplicados ao longo de todo o ciclo produtivo das drupáceas, melhorando a qualidade do estande de plantas. Para a aplicação foliar, a ILSA Brasil recomenda também o fertilizante ILSAMIN Boro®, indicado para todo o período de floração, pois estimula o processo de desenvolvimento de tubo polínico e abertura de flores, evitando abortamentos florais e também promovendo a resistência a estresses abióticos. Já para drupáceas sob sistema de fertirrigação, ILSADRIP Forte®, que também pode ser aplicado via foliar, recomendado para o fornecimento de aminoácidos em todos os estágios de desenvolvimento da planta – vegetativos e reprodutivos, especialmente para períodos de estresses abióticos, uma vez que potencializa os processos metabólicos da planta e incrementa a produtividade.
A partir da matriz AZOGEL® são obtidos os fertilizantes AZOSLOW® e N-TIME+®, que podem ser aplicados nos estágios iniciais de desenvolvimento, fornecendo nitrogênio (N) e carbono (C) orgânicos além de aminoácidos, de forma gradual, garantindo a alta eficiência de absorção e, por isso, evitando perdas por volatilização. Recomenda-se também o Gradual MIX® para todos os estágios vegetativos e reprodutivos da planta, além do período pós-colheita, por se tratar de um fertilizante de solo com NPK e rico em aminoácidos, que possuem formulações tanto de início de brotação (GM 10 18 07) quanto de cobertura (GM 08 00 28).
É importante mencionar que a adubação a ser realizada nos pomares deve ser racional, o que pressupõe a utilização adequada dos fertilizantes, evitando aplicações insuficientes ou excessivas, de modo a fornecer ao pomar os nutrientes que efetivamente são necessários, nas quantidades e épocas adequadas, preservando simultaneamente o ambiente. Para tal, é necessário não só conhecer o estado de fertilidade do solo, mas também saber se os nutrientes ali existentes estão sendo efetivamente aproveitados pela cultura. Portanto, as doses a serem utilizadas não estão descritas no texto pois devem ser baseadas em análise de solo e por recomendação de um engenheiro agrônomo.
Referências bibliográficas
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Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas