A produção mundial de citros é de aproximadamente 102 milhões de toneladas por ano, e é oriunda de uma extensa área cultivada, com 7,3 milhões de hectares que supera, em grande parte, outras fruteiras tropicais e subtropicais como banana, maçã, manga, pera, pêssego e mamão (Mattos Jr. et al., 2005). No Brasil, as laranjas representam a principal espécie cítrica cultivada, sendo o maior produtor mundial do suco deste fruto, cuja maioria dos pomares encontra-se no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro (Milani, 2018). De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (FUNDECITRUS), a área destinada à produção de laranjas neste cinturão é de 415 mil hectares, com cerca de 175 milhões de árvores produtivas, destacando a importância socioeconômica desta atividade para o agronegócio brasileiro. Na safra de 2020/21, o Brasil produziu cerca de 32,8 % dos frutos de citros no mundo e 62 % do volume global de suco de laranja, de acordo com a CONAB.
As plantas cítricas se desenvolvem muito bem em solos profundos e permeáveis, com boa fertilidade – pouco ácidos (pH entre 5 e 6) e com ampla reserva de nutrientes. Para o bom desenvolvimento dos pomares, é necessário a avaliação da fertilidade do solo e nutrição das plantas, por meio de análises periódicas de amostras de solo e folhas, e registro de níveis de produtividade. De acordo com Mattos Jr et al. (2005), a avaliação da acidez do solo para a recomendação de calagem para citros é feita por meio da determinação da acidez tampão (H + AI), da soma de bases (Ca + Mg + K) e da capacidade de troca catiônica (CTC) a pH 7,0 (Sistema IAC de análise de solo), onde recomenda-se o manejo da calagem para elevar e manter os níveis de magnésio no solo em pelo menos 4 mmol dm-3 ou, idealmente, 8 mmol dm-3. Nessas condições, os citros são capazes de produzir frutos de boa qualidade por um longo período de tempo, como citam Bueno e Gasparotto (1999).
Como o cálcio e o magnésio atuam nas plantas?
O cálcio (Ca) é absorvido pelas plantas na forma de cátion Ca2+, e é um macronutriente secundário extremamente exigido nas culturas cítricas. Este elemento propicia firmeza aos frutos – uma vez que está diretamente associado à formação de parede celular – qualidade e melhor condição para armazenamento. É importante para o crescimento das raízes e dos brotos, e aumenta a tolerância ao estresse abiótico – ventos, calor, frio e salinidade, por exemplo. Ainda, é responsável pela estabilidade estrutural e fisiológica dos tecidos das plantas e, juntamente com outras substâncias, regula os processos de permeabilidade das células e tecidos, apresentando também a função de ativador enzimático. O Ca forma fitatos e pectatos, que o torna importante na manutenção da integridade da parece celular, além de atuar indiretamente na formação do tubo polínico, na germinação do grão de pólen e na formação de sementes. De acordo com Campagnol et al, alguns estudos com citros vêm apresentando resultados positivos com aplicação de Ca via adubação foliar e fertirrigação, que promovem melhorias significativas no pegamento dos frutos se as aplicações ocorrerem imediatamente antes e durante o florescimento.
O magnésio (Mg) é um macronutriente secundário importantíssimo para o desenvolvimento adequado dos vegetais. Nos citros, o teor adequado de magnésio foliar está na faixa de 3,5 a 4,5 g kg-1, sendo absorvido pelas raízes na sua forma iônica (Mg2+) (Mattos Jr. et al., 2005), e nesta forma o nutriente é transportado, via xilema, para diversas partes da planta em desenvolvimento e também incorporado pelas células, onde desempenha diversas funções importantes no metabolismo vegetal, como a atividade fotossintética e a incorporação de carbono (C), como cita Marschner (2012). O Mg também desempenha um papel fundamental nos mecanismos de defesa das plantas em condições de estresse abiótico (Senbayram et al., 2015; citados por Castro et al., 2020), sendo altamente influenciado pela intensidade luminosa. Além disto, o Mg atua na estabilidade de proteínas e enzimas, diminuindo possíveis danos por estresse oxidativo, melhorando a resistência das plantas de citros em condições adversas – sejam elas de origem biótica ou abiótica. Em relação aos frutos, o Mg tem relação direta com a qualidade, uma vez que proporciona aumento dos sólidos solúveis (açúcares), melhora a relação sólidos solúveis/acidez – importantíssimo atributo de qualidade, otimiza a cor do suco, aumenta o tamanho dos frutos e diminui a espessura da casca.
Deficiência de cálcio e magnésio nos Citros
A falta de Ca pode limitar de forma significativa o desenvolvimento da planta e a sua capacidade produtiva. Sua deficiência se caracteriza por um sistema radicular mal desenvolvido, com poucas radicelas, clorose nas margens e extremidades das folhas maduras, caracterizada pelo surgimento de uma faixa clorótica ao longo da nervura principal. As folhas caem prematuramente, seguindo-se a morte de ramos; os frutos gerados são pequenos, deformados e sem suco, como citam Dechen et al. (2004). Pode haver também queda de flores e frutos, e até mesmo rachaduras na casca, impactando diretamente na rentabilidade do produtor.
Já plantas sob deficiência de Mg acumulam carboidratos nas folhas, o que causa diminuição no crescimento de raízes, evidenciando a importância deste nutriente na partição de carboidratos na relação fonte-dreno (Cakmak & Kirkby, 2008). Ainda de acordo com estes autores, alterações na fotossíntese podem comprometer o transporte de elétrons para o metabolismo de carbono. A energia não utilizada na fixação de CO2 é, então, canalizada para o O2 molecular levando à geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) e a danos nos constituintes do cloroplasto. Sob deficiência de Mg a produção de EROs ocorre em taxas maiores. Além disto, a exportação dos produtos da fotossíntese pelo floema também é dependente de Mg, de modo que sua deficiência restringe a partição de carboidratos entre parte aérea e raízes (Cakmak & Kirkby, 2008). O mecanismo pelo qual a carência de Mg afeta a exportação de sacarose pode estar relacionado às baixas concentrações do complexo Mg-ATP, necessário para função adequada da enzima que fornece energia para o processo de carregamento no floema (Cakmak & Yazici, 2010). Em condições de limitação de Mg, o crescimento de raízes é prejudicado antes de que qualquer alteração no crescimento e na concentração de clorofila seja notada (Cakmak & Yazici, 2010), sendo o acúmulo de sacarose nas folhas a principal razão para que isso ocorra (Hermans et al., 2005).
Manejo adequado de cálcio e magnésio com ILSAMIN CaMg
O teor de Ca na planta, assim como o de Mg, é influenciado diretamente pela absorção de potássio (K). Doses maiores de K determinam o aumento de atividade deste elemento na solução do solo, com consequente diminuição na absorção de Ca e Mg pela planta. A maioria dos solos agrícolas brasileiros apresenta baixos teores de Mg2+ na sua camada superficial (Benites et al., 2010). Tanto cálcio quanto magnésio são elementos essenciais para o desenvolvimento de qualquer cultivo, influenciando diretamente sua produtividade, sendo dois dos macronutrientes mais exigidos no metabolismo vegetal.
Para o manejo adequado do cálcio e do magnésio na cultura dos citros, a ILSA Brasil dispõe do fertilizante organomineral ILSAMIN CaMg®, pertencente à linha dos fertilizantes ILSA Top para aplicação via foliar ou em fertirrigação, que contém nitrogênio (9,0 % solúvel em água), cálcio (6,4 % solúvel em água) e magnésio (1,2 % solúvel em água), produzido à base de GELAMIN®. Esta matriz orgânica é fabricada a partir do colágeno, e caracterizada pela alta concentração de nitrogênio, aminoácidos e carbono orgânico, obtida através de um processo industrial inovador e sustentável denominado Fully Controlled Enzymatic Hydrolysis (FCHE®). Além disto, o ILSAMIN CaMg® possui um grande diferencial de mercado: o fornecimento simultâneo de cálcio, magnésio e aminoácidos.
A adubação com ILSAMIN CaMg® potencializa o processo de floração, fazendo com que as plantas consigam gerar mais frutos saudáveis, incrementando a produtividade por hectare. Promove também o aumento do teor de açúcar e sabor dos frutos – como já dito anteriormente, além de possibilitar maior resistência da casca, o que reduz efetivamente o ataque de pragas e doenças na cultura. Ainda, por ser uma tecnologia sustentável em todos os seus processos produtivos, o ILSAMIN CaMg®, assim como todos os fertilizantes da ILSA Brasil, possui baixo impacto ambiental, podendo ser utilizado nos mais diversos cultivos.
Plano ILSA Brasil de adubação para citros
Figura 1. Fases fenológicas das culturas de citros e recomendação de fertilização ILSA BRASIL.
Além do ILSAMIN CaMg®, a ILSA Brasil ainda dispõe de outros fertilizantes organominerais fabricados a partir das matrizes AZOGEL® (base para sólidos de aplicação via solo) e GELAMIN® (base para aplicação foliar e fertirrigação), que podem ser aplicados ao longo de todo o ciclo produtivo dos citros, melhorando a qualidade do estande de plantas. A partir da matriz AZOGEL® são obtidos os fertilizantes Gradual MIX® e N-TIME+®, que podem ser aplicados nos estágios iniciais de desenvolvimento, fornecendo nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e carbono (C) orgânicos além de aminoácidos, de forma gradual, garantindo a alta eficiência de absorção e reduzindo as perdas por volatilização. Recomenda-se também o AZOSLOW® para todos os estágios vegetativos e reprodutivos da planta, que combina nitrogênio orgânico com nitrogênio mineral, permitindo o crescimento equilibrado das plantas.
Para a aplicação foliar, a ILSA Brasil dispõe, além do ILSAMIN CaMg®, o fertilizante ILSAMIN Boro®, também indicado para todo o período reprodutivo da planta – entre os estágios R1-R6, pois estimula o processo de floração, evitando abortamentos florais e promove a resistência a estresses abióticos. Já para citros sob sistema de fertirrigação, Etixamin Kally® e ILSADRIP Forte®, que também podem ser aplicados via foliar. O Etixamin Kally® é recomendado para fornecimento de potássio (K), especialmente no processo de enchimento e coloração de frutos (estágios R4-R6). Já o ILSADRIP Forte® é recomendado para o fornecimento de aminoácidos em todos os estágios de desenvolvimento da planta (V1-R6), especialmente para períodos de estresse – bióticos e/ou abióticos, uma vez que potencializa os processos metabólicos da planta e incrementa a produtividade.
É importante mencionar que as doses para as culturas cítricas não estão descritas no texto pois devem ser baseadas em análise do solo e por recomendação de um engenheiro agrônomo.
Referências bibliográficas
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DECHEN, A.R.; CASTRO, P.R.C.; NACHTIGALL, G.R. Pragas e doenças em citros: fisiologia e nutrição mineral. Revista Visão Agrícola, n. 2, p. 100-107, 2004.
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MILANI, C.O. Suprimento de cálcio e magnésio na mitigação dos efeitos do huanglongbing em citros. Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, 2018. 71 p. (Dissertaçaõ de Mestrado)
SENBAYRAM, M.; GRANSEE, A.; WAHLE, V.; THIEL, H. Role of magnesium fertilisers in agriculture: plant-soil continuum. Crop and Pasture Science, v. 66, n. 12, p. 1219-1229, 2015.
Autores
- Eng. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Eng. Agr. Msc. Carolina Custódio Pinto
- Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas