O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. Em 2023, produziu 3,4 milhões de toneladas de café, em mais de 1,9 milhões de hectares (IBGE, 2025). Os maiores produtores de café do Brasil estão na região Sudeste, devido ao clima favorável à cultura (Camargo, 2010). As principais espécies de café cultivadas no Brasil são Coffea arabica, com temperatura ótima entre 18 e 22°C, e Coffea canephora, que tem temperatura ótima entre 17 e 31,5°C (Assad et al., 2004; Teixeira et al., 2012).
Os cafeeiros são plantas adaptadas a altas temperaturas e tolerante a períodos de seca, no entanto, o aumento na ocorrência de condições extremas tem causados preocupações (Camargo, 2010). A variabilidade climática é o principal fator responsável pelas oscilações e frustrações de safra dessa cultura no Brasil, principalmente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná (Camargo, 2010). Em um estudo realizado por Assad et al. (2004), considerando aumentos previstos pelo IPCC na temperatura média anual do Planeta Terra, a possibilidade de cultivo da espécie Coffea arabica em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná será drasticamente reduzida se não houver avanços genéticos. Em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, por exemplo, essa redução pode atingir 95% da área de cultivo.
Os efeitos das altas temperaturas dependem do momento de ocorrência durante o ciclo de desenvolvimento. Para a espécie Coffea arabica, temperaturas acima de 23°C levam ao desenvolvimento acelerado da cultura, quando isso acontece durante o amadurecimento dos frutos pode afetar negativamente a qualidade dos grãos (Camargo, 2010). Durante a fase vegetativa, temperaturas entre 28 e 33°C reduzem a atividade fotossintética, enquanto temperaturas superiores a 34°C na floração podem levar ao abortamento de flores. Dessa forma, estresses térmicos prolongados podem afetar de forma significativa a produtividade da cultura, além de impactar a qualidade dos grãos. Vale ressaltar que existem cultivares da espécie Coffea arabica que são adaptadas a regiões de clima mais quente, apresentando produtividades satisfatórias com temperaturas médias anuais do ar de até 24 a 25 °C, como no Nordeste e Norte do Brasil (Bergão et al., 2008).
As altas temperaturas aumentam a quantidade de vapor d’água retido na atmosfera, o que intensifica a evapotranspiração (Assad et al., 2004). Dessa forma, além dos efeitos diretos da temperatura no metabolismo das plantas, o aumento da temperatura contribui para a ocorrência de déficits hídricos mais frequentes. Na cultura do café, dependendo da intensidade e da fase de desenvolvimento, períodos de estresse hídrico podem resultar em perdas de produtividade. Os momentos críticos para a ocorrência de déficit hídrico são o florescimento, o enchimento dos frutos e a diferenciação das gemas florais. O déficit hídrico no florescimento pode causar um abortamento excessivo de flores. No enchimento de grãos da cultura, ocorre a “queda de chumbinho”, um processo natural de autorregulação da planta. Entretanto, quando o estresse hídrico coincide com essa fase, a planta pode abortar um número ainda maior de frutos devido à limitação de recursos (água e fotoassimilados). Já na diferenciação floral, a ocorrência de déficit hídrico prolongado pode comprometer a florada do próximo ciclo. Os efeitos do déficit hídrico nas plantas ocorrem em cadeia, como mostra a Figura 1. No início do estresse hídrico, a expansão celular e a síntese de parede celular e de proteínas são afetadas. Na sequência, estresses mais severos afetam a abertura e fechamento estomático. Assim, com menor área foliar e fechamento estomático, a fotossíntese das plantas, e por consequência, a taxa líquida de carbono é afetada, podendo reduzir a quantidade de grãos por planta e o tamanho dos grãos (Taiz et al., 2017).

Figura 1. Sensibilidade da fisiologia das plantas ao déficit hídrico. A espessura das setas corresponde a magnitude do processo. Fonte: Taiz et al. (2017).
Além disso, com o fechamento dos estômatos, há também uma redução na transpiração das plantas, o que leva a uma redução na absorção e transportes de nutrientes. Nesse sentido, a adubação foliar pode ser uma estratégia, auxiliando na redução de deficiências nutricionais. Segundo Taiz et al. (2017), a adubação foliar pode reduzir o tempo de retardo entre a aplicação e a absorção pela planta, além de ser uma estratégia quando há restrição de absorção de um nutriente do solo. A aplicação foliar tem-se mostrado economicamente bem-sucedida, principalmente em culturas arbóreas (Taiz et al., 2017). O ILSAMIN AGILE, composto por nitrogênio orgânico, aminoácidos livres e peptídeos, é um fertilizante líquido produzido pela ILSA, que auxilia no estímulo ao desenvolvimento das raízes, no processo de fotossíntese e na resistência da planta a estresses abióticos, como os causados por altas temperaturas e estiagem.
Além disso, práticas de manejo que possibilitem um maior aprofundamento do sistema radicular são fundamentais em condições de eminente déficit hídrico. Pinheiro et al. (2004) observaram que clones tolerantes à seca possuíam sistemas radiculares mais profundos do que clones sensíveis à seca. Além da escolha do material genético, a adoção de práticas de manejo para atenuar os efeitos das altas temperaturas e do déficit hídrico a longo prazo é fundamental no cenário de aquecimento global. Algumas estratégias que podem ser adotadas são o sistema de manejo de sombreamento (arborização), plantio em altas densidades, irrigação correta, solo vegetado e outras práticas de manejo que melhorem a saúde e a capacidade de armazenamento de água no solo (Camargo, 2010; Navarro et al., 2021). Os fertilizantes FERTIL, GRADUAL e AZOSLOW da ILSA, além de considerarem as necessidades nutricionais da cultura, contribuem para a melhoria da saúde do solo como um todo, uma vez que possuem como matéria prima o AZOGEL, benéfico a microbiologia do solo, devido ao seu alto teor de carbono assimilável e aminoácidos.
Além de produtos que auxiliam na construção do perfil do solo e aprofundamento de raízes, há também produtos que atuam de forma corretiva atenuando os efeitos da estiagem prolongada, a ILSA conta com uma matriz orgânica líquida com alto teor de aminoácidos assimiláveis onde no seu aminograma estão em maior quantidade a prolina e a glicina, dois aminoácidos fundamentais para o metabolismo das plantas e conhecidos por seus benefícios antiestresses.
A prolina pode atuar como osmólito-soluto que contribui no ajustamento osmótico para manter o gradiente de potencial hídrico e turgescência das células, mas também pode atuar melhorando a estabilidade e integridade das membranas e proteínas pelo seu efeito antioxidante, e como reserva de C (carbono) e N (nitrogênio) para o crescimento após o alívio dos estresses (KAHLAOUI et al., 2015, KISHOR et al., 2015, SCHERTL et al., 2014)
A Glicina também participa das respostas aos estresses abióticos por ser precursora da glicina betaína, soluto que atua na proteção das células via osmorregulação (GIRI et al., 2011).
A ILSA conta com um grande portifólio de Fertilizantes Foliares, entre eles o ILSAMIN AGILE, um produto 100% GELAMIN que pode ser posicionado em todas as fases da cultura, visando minimizar os efeitos ocasionados pelos estresses abióticos.
Em resumo, o aumento das temperaturas e a maior frequência de estiagens representam sérios desafios para a produção de café no Brasil. Esses fatores afetam negativamente produtividade e qualidade dos grãos. Para mitigar esses efeitos durante a safra, deve-se adotar estratégias para tentar reduzir as perdas. Já a médio e longo prazo, é fundamental adotar manejos que melhorem a saúde do solo e a capacidade de armazenamento de água e/ou criem um microclima favorável à cultura, possibilitando a sustentabilidade da cafeicultura no cenário de eventos extremos mais frequentes.
Referências bibliográficas:
ASSAD, Eduardo Delgado; PINTO, Hilton Silveira; JUNIOR, Jurandir Zullo; et al. Impacto das mudanças climáticas no zoneamento agroclimático do café no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 11, p. 1057–1064, 2004.
BERGÃO, CL; PEREIRA, RCA; SALES, F. Avaliação de genótipos de cafeeiros arábica e robusta no estado do Acre. Ciência e Agrotecnologia , v.32, p. 11-16, 2008.
CAMARGO, M. B. P. The impact of climatic variability and climate change on arabic coffee crop in Brazil. Bragantia, v. 69, n. 1, p. 239–247, 2010.
IBGE. 2025. Produção Agropecuária | IBGE. Acesso em: janeiro de 2025. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/producao-agropecuaria/cafe/br
NAVARRO, R.; MARTELÓCIO, A.; SEVILHA, R.; et al. MANEJO DO SOLO PARA O SISTEMA DE CULTIVO DO CAFÉ NO BRASIL. Enciclopédia Biosfera, v. 18, n. 38, 2021.
PINHEIRO, Hugo A; DAMATTA, Fábio M; CHAVES, Agnaldo R.M; et al. Drought tolerance in relation to protection against oxidative stress in clones of Coffea canephora subjected to long-term drought. Plant Science, v. 167, n. 6, p. 1307–1314, 2004.
TAIZ, L.; ZEIGER, E.; MULLER, I. M.; MURPHY, A. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2017.
TEIXEIRA, L.; FÁBIO L. P.; BONOMO, R.; ADELMO GOLYNSKI. A moderna cafeicultura dos cerrados brasileiros. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 42, n. 2, p. 231–240, 2012.
Autores:
Eng. Agr. Msc. Isabela Bulegon Pilecco
Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas
Eng. Agr. Tuíra Barcellos