O Milho (Zea mayz), planta originária da América Latina, é o segundo grão mais produzido no Brasil. Apresenta grande importância na alimentação humana e animal. A produtividade de uma lavoura de milho depende da capacidade da cultura em capturar recursos ambientais (radiação solar, água e nutrientes), convertê-los em biomassa e, posteriormente, em grãos. Estudos no Brasil (Pilecco et al., 2023; 2024), na China (Chen et al., 2011) e a nível global (Mueller et al., 2012) demonstram que a nutrição é um dos principais limitantes da produtividade das lavouras de milho.
Os nutrientes com maior requerimento pela cultura do milho são: nitrogênio (N) e potássio (K), seguidos por fósforo (P), magnésio (Mg), cálcio (Ca) e enxofre (S). As plantas de milho demandam entre 16,9 e 23,8 kg de N por tonelada de grãos produzida (Bender et al., 2013; Setiyono et al., 2010; Ciampitti et al., 2013). Enquanto a exportação, ou seja, o quanto é removido de N na colheita de grãos, é de 9,1 a 13,8 kg de N por tonelada de grãos. Em lavouras de grão, o que não é exportado tende a retornar para o solo através dos restos culturais. Já em áreas de produção de silagem, deve-se considerar mais do que a exportação dos grãos no momento de definição das doses de N para adubação de manutenção, uma vez que quase toda a biomassa de parte aérea das plantas é removida da lavoura.
Cerca de 75% do N presente nas folhas está em enzimas e pigmentos associados à fotossíntese e, por consequência, à produção de fotoassimilados que serão utilizados para a produção de biomassa e grãos (Kumar et al., 2002). Na planta, a mobilidade do nitrogênio é alta. Assim, em condições de deficiência, o N é remobilizado para as folhas mais novas. Por isso, os sintomas de deficiência de N, são vistos, principalmente, nas folhas mais velhas da planta, da ponta em direção à base da folha (Figura 1). A deficiência de N causa uma redução na expansão foliar, pois a planta prioriza que a concentração específica de N, necessária para que ocorra a fotossíntese, seja mantida (Andrade et al., 2023). Quando a planta não consegue manter esse nível crítico, remobiliza o N para que novas folhas sejam emitidas.

Figura 1. Sintomas de deficiência de nitrogênio em folhas e espigas de milho. Adaptado de: Sangoi et al. (2016).
Além disso, a deficiência de N favorece colmos mais finos e fibrosos, que facilitam o acamamento da cultura (Sangoi et al., 2016). A deficiência de N retarda o desenvolvimento da espiga, isso aumenta a defasagem entre a antese e o espigamento. Assim, a deficiência de N afeta diretamente a produtividade, devido à formação de espigas menores, com menor número e peso de grãos. O que pode ser visto em um sintoma clássico da deficiência de N na cultura do milho, a má formação dos grãos, principalmente na extremidade da espiga (Sangoi et al., 2016) (Figura 1).
Quanto ao momento de aplicação, o nitrogênio deve estar disponível para a planta nos períodos críticos de definição dos componentes de produtividade, garantindo uma nutrição adequada. Após o adequado estabelecimento da lavoura, que é essencial para a definição do componente de produtividade relacionado ao número de espigas por área, um momento importante no ciclo de desenvolvimento do milho é próximo a cinco folhas completamente expandidas. Em V5, acontece a diferenciação do meristema apical em pendão, e as gemas axilares começam a diferenciação em espigas. Entre V6 e V10, o número de grãos potenciais por área é definido.
Outro momento crítico para a definição de componentes de produtividade do milho é entre a floração e o enchimento de grãos. Nessa fase, estão sendo definidos o número real de grãos e o peso de grãos. Se a deficiência ocorre próximo ao florescimento, há uma redução no número de grãos efetivamente formados e cheios, e, por consequência, na produtividade da lavoura (Andrade et al., 2002; D’Andrea et al., 2009; Salvagiotti et al., 2017). Em híbridos modernos, a quantidade de N acumulado até a floração varia de 57 a 70% do N total acumulado na planta até a colheita (Ciampitti; Vyn, 2012). Isso demonstra a importância da absorção de N após a floração (Mueller; Vyn, 2016). Cerca de 10 a 15 dias após a floração, o N acumulado nas partes vegetativas da planta passa a ser remobilizado para os grãos, acelerando a senescência foliar. Segundo Bórras et al. (2004) até 80% do peso dos grãos de milho é determinado pela fotossíntese realizada na fase de enchimento de grãos, demonstrando a importância de manter a lavoura com folhas verdes e sadias até os estágios finais do desenvolvimento da cultura.
O nitrogênio é absorvido pelas plantas, predominantemente, por fluxo de massa, por ser altamente móvel no solo (Malavolta, 1980). As perdas de N por volatilização, quando se utiliza ureia, podem chegar a 50% da quantidade aplicada, de acordo, principalmente, com a temperatura e umidade do solo (Silva et al., 2017). A desnitrificação ocorre quando há falta de oxigênio no solo (em solo encharcados ou mal drenados, por exemplo) e os microrganismos utilizam o N no processo de respiração, podendo chegar a perdas de 7% do total aplicado (Kim et al., 2021). Já a lixiviação ocorre quando o N está na forma de nitrato e quando chuvas intensas promovem a drenagem dessa forma móvel para camadas abaixo do alcance das raízes. O incremente de matéria orgânica do solo é um aliado fundamental para reduzir as perdas de nitrogênio por lixiviação, pois essa matéria orgânica é capaz de reter o nutriente em suas cargas.
Pensando na importância da absorção de N após a floração é necessário inserir no manejo de cobertura fertilizantes nitrogenados de liberação gradual, como o AZOSLOW, uma combinação única e exclusiva ILSA, que une ureia e sua Matriz Orgânica sólida AZOGEL®. Assim, possibilita disponibilidade imediata do N mineral proveniente da ureia, e a liberação gradual da fonte de N orgânico AZOGEL®, conferindo maior estabilidade no fornecimento de N, melhorando a eficiência do uso e minimizando as perdas. Além disso, esse produto possui em sua formulação 25% de carbono orgânico, contribuindo para a formação de agregados no solo, o que melhora a estrutura e a capacidade de retenção de água e nutrientes, além de trazer benefícios aos microrganismos do solo, responsáveis pela mineralização e nitrificação.

Em resumo, o manejo eficiente do nitrogênio na cultura do milho é essencial para alcançar altas produtividades de forma sustentável, maximizando o retorno econômico e minimizando os impactos ambientais. A escolha de fertilizantes que associem fontes minerais e orgânicas, como o AZOSLOW, representa uma estratégia promissora para superar os desafios de perdas de N e garantir uma nutrição equilibrada ao longo do ciclo. Além de fornecer N de forma gradual, esses produtos melhoram a saúde do solo, promovendo maior estabilidade e resiliência do sistema produtivo. Investir em tecnologias de fertilização mais eficientes e em práticas agrícolas sustentáveis é um passo fundamental para a agricultura moderna enfrentar os desafios de produzir mais com menos impacto ambiental e otimizando o investimento em recursos.
Referências:
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Bórras, L.; Slafer, G. A.; Ortegui, M. Seed dry weight response to source–sink manipulations in wheat, maize and soybean: a quantitative reappraisal. Field Crops Research, v. 86, p. 131-146, 2004.
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Autores:
Eng. Agr. Msc. Isabela Bulegon Pilecco
Eng. Agr. Msc. Thiago Stella de Freitas
Eng. Agr. Tuíra Barcellos