Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gênero Citrus e outros gêneros afins. A citricultura é o ramo que mais se destaca na fruticultura mundial, o que faz desse grupo de frutas o mais produzido no mundo. Caracterizadas por serem árvores de porte médio, atingem em média quatro metros de altura, apresentando copa densa, de formato normalmente arredondado. As folhas são aromáticas, assim como as flores, pequenas e brancas, muito procuradas pelas abelhas melíferas e servindo como matéria-prima da água de flor de laranjeira. Seus frutos são compostos de, aproximadamente, 90 % de água, apresentando baixos teores de açúcares.
Por serem fontes de vitamina C, os citros auxiliam no fortalecimento da imunidade. Além disso, esse nutriente colabora com a síntese de colágeno, ajuda na cicatrização de feridas e queimaduras e é essencial para a saúde das gengivas e prevenção da coagulação sanguínea. Ainda, são importante fonte de vitaminas e fibras, as frutas e sucos cítricos recentemente vêm sendo reconhecidos por conterem metabólitos secundários incluindo antioxidantes como ácido ascórbico, compostos fenólicos, flavonoides e limonoides, que são importantes para a nutrição humana (Jayaprakasha; Patil, 2007; citados por Couto; Canniatti-Brazaca, 2010).
Origem e importância econômica dos Citros
As plantas cítricas possuem origem asiática, e foram introduzidas no Brasil pelas primeiras expedições colonizadoras, muito provavelmente na região que hoje corresponde ao estado da Bahia. A partir da década de 1930 a citricultura passou a ser implementada comercialmente nos estados da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro e, devido ao fato dessas plantas terem se adaptado muito bem ao clima e ao relevo/solo, as citrinas se expandiram para todo o país. De acordo com Lopes et al. (2011), as laranjeiras, as tangerineiras, as limeiras ácidas e os limões verdadeiros são os principais tipos de citros cultivados no Brasil.
A China é o maior produtor mundial de citros, seguida pelo Brasil e União Europeia. De acordo com dados da CONAB, na safra de 2020/21, o Brasil foi responsável por 32,8 % da produção mundial da fruta e por 62 % do volume global de suco de laranja. A citricultura no Brasil é fortemente concentrada na produção de laranja, tanto em termos de área, quanto de volume de produção, como cita Vidal (2021). Além disso, a atividade é concentrada também espacialmente; no total da área cultivada com laranja no País, aproximadamente 63,1 % está em São Paulo.
A safra de laranja 2020/21 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro foi finalizada em 268,63 milhões de caixas de 40,8 kg, de acordo com dados publicados pelo PES (Pesquisa de Estimativa de Safra) do Fundecitrus. Para a safra de 2021/22, o Fundecitrus estima uma produção de 264,14 milhões de caixas de 40,8 kg. Se esta projeção for confirmada com o encerramento das colheitas, a safra recuará 30 milhões de caixas, o equivalente a 10,21%, em relação à expectativa inicial. Esta quebra de expectativa está diretamente relacionada às condições climáticas desfavoráveis observadas nesta safra, como a estiagem severa e geadas de rara intensidade. Com isto, a estimativa de peso médio dos frutos foi reduzida para 142,2 g (287 frutos por caixa), 15,9 % menor do que o das últimas cinco safras (média de 169 g).
Segundo a Associação Nacional de Exportação de Sucos Cítricos (Citrus BR, 2019), o consumo da laranja in nature no Brasil é algo comum nas casas. Entretanto, nos outros países o que se consome mesmo é o suco extraído dessa fruta, podendo ser o fresco (espremido diretamente da fruta) ou o industrializado. Neste quesito, o Brasil é o grande destaque mundial, com uma produção de cerca de 820,5 mil toneladas de suco de laranja na safra de 2020/21. Ainda de acordo com a Citrus BR, a cada cinco copos de suco de laranja consumidos no mundo, três são produzidos nas fábricas brasileiras. Em nenhuma outra commodity o país tem amplitude semelhante. Além destas formas de consumo, os citros podem ser ainda utilizados para a produção de polpa para congelamento, para produção de óleos essenciais e ainda para a produção de bebidas alcoólicas.
Fertilization and management
O clima exerce grande influência sobre o vigor e longevidade das plantas cítricas, qualidade e quantidade de frutos. Os citros desenvolvem-se melhor em regiões de clima mais ameno, desde que os solos sejam adequados e o regime pluvial atinja cerca de 1.200 mm anuais, bem distribuídos durante o ano, podendo-se suplementar os déficits com água de irrigação, de acordo com a Embrapa Mandioca e Fruticultura. Segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a laranjeira e os outros citros se desenvolvem muito bem em climas com temperatura entre 23 e 32 °C e umidade relativa do ar alta. Acima de 40 °C e abaixo de 13 °C, a taxa de fotossíntese diminui, o que acarreta perdas de produtividade. Os frutos produzidos nos climas mais frios, em geral, são mais ácidos e apresentam coloração da casca e do suco mais intensa. Nos climas mais quentes os frutos são mais doces.
As plantas cítricas, apesar de terem determinadas exigências em relação à textura dos solos, preferindo os areno-argilosos, adaptam-se aos solos muito arenosos como também aos argilosos, ajudando-as nesta adaptação o uso de diferentes porta-enxertos. Para que o manejo da fertilidade do solo e do desenvolvimento das plantas seja eficiente, é necessário conhecer as características químicas e físicas dos solos e químicas das folhas dos citros, para racionalizar o uso de corretivos e fertilizantes, assegurando maior retorno econômico e redução dos impactos ambientais (Siqueira; Salomão, 2017), levando em conta a análise de solo. A utilização dos fertilizantes pelos citros é melhorada com o parcelamento, onde estes são dispostos em quantidade e épocas favoráveis à absorção, preferencialmente quando houver umidade no solo ou durante o ano todo em pomares irrigados.
Os citros são plantas muito exigentes em nitrogênio (N), e a deficiência deste nutriente se caracteriza, em casos extremos, pela diminuição do crescimento das plantas; as folhas ficam menores e ralas, havendo amarelecimento geral das folhas velhas, atingindo a nervura e tendo, como consequência, a redução do número e do tamanho dos frutos, que apresentam casca fina, cor verde pálido e maturação precoce, podendo ocorrer o ressecamento das extremidades dos ramos. Em relação ao potássio (K), a deficiência causa suscetibilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças, especialmente a clorose variegada dos citros (CVC). A deficiência de fósforo (P) causa perda do brilho e bronzeamento da folhagem dos citros, redução no tamanho de folhas, ocorrendo até mesmo queda acentuada e redução do ritmo de crescimento das plantas. Os frutos possuem superfície da casca menos lisa; a espessura da casca é aumentada e podem cair prematuramente.
Em relação ao armazenamento pós colheita dos frutos de citros, a Embrapa Mandioca e Fruticultura sugere que as condições dependem da variedade, do local de cultivo e do estádio de maturação do fruto. De modo geral, laranjas podem ser armazenadas a 5 ºC / 90-95 % de umidade relativa por cerca de dois meses. As tangerinas são conservadas nas mesmas condições por quatro semanas. A lima ácida ‘Tahiti’ conserva-se a 10 ºC / 90-95 % U.R. por quatro semanas. Tratamentos fungicidas, filmes plásticos e cera auxiliam no prolongamento da vida útil pós-colheita dessas frutas.
Em relação às pragas e doenças dos citros, recomendamos a leitura dos materiais disponibilizados pela FUNDECITRUS, encontrados na seguinte página https://www.fundecitrus.com.br/comunicacao/manuais.
Sugestão de manejo de adubação de citros com ILSA Brasil
Figura 1. Fases fenológicas dos citros
A ILSA está presente no mercado há mais de 65 anos, e é referência mundial em biotecnologia por transformar matérias-primas de origem renovável em produtos de alto desempenho para a agricultura. Utilizamos métodos industriais modernos e sustentáveis, que são uma ótima solução para passivos ambientais de diversos setores industriais. O resultado desses processos são fertilizantes altamente eficientes, que ajudam a agricultura orgânica e especializada a aumentar a produtividade e qualidade das safras, de forma cada vez mais responsável e consciente. Dispomos de duas matrizes de origem orgânica, que servem como base para a produção de todos os nossos fertilizantes, que explicaremos a seguir.
AZOGEL® is the organic matrix from which solid organic and organomineral products for soil application are derived, marketed on all continents of the world, in the most diverse crops. It is an organic fertilizer produced from collagen, obtained through the Fully Controlled Hydrolysis (FCH®), rico em nitrogênio e carbono orgânicos, proveniente de subprodutos da indústria do couro. Através dessa matriz, são produzidos os fertilizantes Gradual MIX®, N-TIME+® e AZOSLOW®, todos recomendados para a cultura dos citros, abrangendo todos os estágios de desenvolvimento da planta, descritos pelo Fundecitrus, na publicação “Guia de fases de desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta de citros”.
No período vegetativo inicial, que compreende os estágios V1 a V3, o Gradual MIX® é recomendado por fornecer macronutrientes em adubação de correção/manutenção, com o objetivo de reduzir perdas dos nutrientes minerais devido à ação protetora da matriz orgânica de alta CTC. Ainda para este período, mas estendendo até o estágio V4, a ILSA Brasil recomenda o fertilizante N-TIME+®, que é capaz de fornecer N e C orgânicos e aminoácidos que são liberados de forma gradual, melhorando a fertilidade do solo, permitindo o crescimento equilibrado das plantas. Além destes, também dispomos do AZOSLOW®, recomendado para todos os estágios vegetativos e reprodutivos da planta, além do período pós-colheita, fornecendo N orgânico e mineral, o que permite o crescimento equilibrado da planta, preparando-a para o próximo ciclo produtivo. É importante lembrar que nossos fertilizantes possuem alta eficiência de absorção de N, devido às menores perdas por volatilização.
GELAMIN® is the other organic matrix manufactured by ILSA, and is sold on all continents of the world and used in the most diverse crops. It is produced through collagen, rich in N, amino acids and organic C. The product is obtained through an innovative and sustainable industrial process, called Fully Controlled Enzymatic Hydrolysis (FCHE®). From this matrix, ILSA's liquid and water-soluble fertilizers are obtained, belonging to the ILSA TOP and ILSA TEC lines, which can be used both in foliar application and in fertigation.
Para aplicação via foliar em citros, a ILSA Brasil recomenda os fertilizantes ILSAMIN Boro® e ILSAMIN CaMg®, ambos para o período reprodutivo, especialmente entre os estágios R1-R5. O ILSMIN Boro® estimula o processo de floração e evita abortamentos florais, auxiliando no maior pegamento de flores e aumentando a resistência contra estresses abióticos. De acordo com Dechen et al. (2004), o boro é importante para a translocação de açúcar e no metabolismo do carboidrato, desempenha papel importante no florescimento, crescimento do tubo polínico, nos processos de frutificação, no metabolismo do nitrogênio e na atividade hormonal. Já o ILSAMIN CaMg® é indicado para estimular o processo de floração, potencializar a fotossíntese e evitar deformações nos frutos, fornecendo cálcio (Ca) e magnésio (Mg) associados ao fornecimento simultâneo de aminoácidos. O Ca é um importante macronutriente responsável pela ativação de vários sistemas enzimáticos e neutralização ácidos orgânicos; participando da formação de parede celular e no desenvolvimento dos ápices meristemáticos da parte aérea e do sistema radicular. O Mg é parte central da molécula de clorofila e atua como ativador de diversas enzimas. Também está envolvido no metabolismo do carboidrato e na síntese de ácidos nucléicos, além de influenciar o movimento dos carboidratos das folhas para outras partes da planta, estimulando a captação e transporte do fósforo.
A ILSA Brasil ainda possui fertilizantes para citros sob sistema de fertirrigação: Etixamin Kally® e ILSADRIP Forte®, que também podem ser aplicados via foliar. O Etixamin Kally® é recomendado para fornecimento de potássio (K), especialmente no processo de enchimento e coloração de frutos (estágios R4-R6). É sabido que o K está diretamente associado à formação de açúcares, síntese de proteínas, crescimento e neutralização de ácidos orgânicos. Além disso, é importante na formação dos frutos, influenciando no aumento de seu tamanho, sabor e cor. O K reduz a suscetibilidade das plantas ao ataque de doenças e pragas. Já o ILSADRIP Forte® é recomendado para o fornecimento de aminoácidos em todos os estágios de desenvolvimento da planta (V1-R6), especialmente para períodos de estresse – bióticos e/ou abióticos, uma vez que potencializa os processos metabólicos da planta e incrementa a produtividade.
É importante mencionar que as doses para as culturas cítricas não estão descritas no texto pois devem ser baseadas em análise do solo e por recomendação de um engenheiro agrônomo.
Bibliographic references
CITRUS BR – disponível em: http://www.citrusbr.com/laranjaesuco/?ins=19.
CONAB: Companhia Nacional de Abastecimento – Disponível em: https://www.conab.gov.br/
COUTO, M.A.L.; CANNIATTI-BRAZACA, S.G. Quantificação de vitamina C e capacidade antioxidante de variedades cítricas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, n. 30, p. 15-19, 2010.
DECHEN, A.R.; CASTRO, P.R.C.; NACHTIGALL, G.R. Pragas e doenças em citros: fisiologia e nutrição mineral. Revista Visão Agrícola, n. 2, p. 100-107, 2004.
EMBRAPA Mandioca e Fruticultura – Disponível em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Citros/CitrosNordeste/clima.htm
FUNDECITRUS: Fundo de Defesa da Citricultura – disponível em: https://www.fundecitrus.com.br/
IAC: Instituto Agronômico de Campinas – Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/imagem_informacoestecnologicas/43.pdf
JAYAPRAKASHA, G. K.; PATIL, B. S. In vitro evaluation of the antioxidant activities in fruit extracts from citron and blood orange. Food Chemistry, v. 101, n. 1, p. 410-418, 2007.
LOPES, J.M.S; DÉO, T.F.G; ANDRADE, B.J.M; GIROTO, M.; FELIPE, A.L.S.; JUNIOR, C.E.I.; BUENO, C.E.M.S.; SILVA, T.F.; LIMA, F.C.C. Importância econômica do Citros no Brasil. Revista Científica Eletrônica de Agronomia, Londrina, Ano X, n. 20, 2011. 3 p.
SIQUEIRA, D.L.; SALOMÃO, L.C.C. Citros: do plantio à colheita. Editora UFV, Viçosa, ed. 1, 2017. 278 p.
VIDAL, M.F. Produção de laranja na área de atuação do BNB. Caderno Setorial ETENE, Banco do Nordeste, ano 6, n. 198, 2021. 14 p.
Authors
- Agricultural Eng. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Agricultural Eng. Msc. Carolina Custodio Pinto
- Agricultural Eng. Msc. Thiago Stella de Freitas