No Brasil, no grupo de frutas de caroço – drupáceas, predomina a produção de pêssego (Prunus persica vulgaris L.), seguido pela ameixa (Prunus salicina L.) e nectarina (Prunus persica nucipersica L.), sendo que a área com pessegueiro representa mais de 80 % da área cultivada (Fachinello et al., 2011). O Brasil não produz cerejas, amêndoas e damasco. Apesar de serem frutas adaptadas ao clima temperado, com exigências em horas de frio para seu cultivo, com o avanço das tecnologias de melhoramento vegetal é possível produzi-las em regiões subtropicais com a utilização de cultivares menos exigentes em frio, ou em estações microclimáticas adequadas às exigências mínimas (Baptistella et al., 2018).
As plantas do pessegueiro e da nectarineira são formadas por sistema radicular, tronco, ramos primários (chamados de pernadas), ramos secundários (de produção), podendo ou não ter esporões, além de folhas, flores e frutas. As ameixeiras, por sua vez, apresentam os mesmos componentes citados anteriormente, porém sempre apresentam esporões, que são estruturas de frutificação. As três espécies são classificadas como plantas decíduas, ou seja, que perdem suas folhas no término de um período reprodutivo – coincidindo com as épocas mais frias do ano. Em relação às flores, são perfeitas, completas, períginas e geralmente possuem um único pistilo, com coloração branca ou rosa.
Origem e importância econômica das frutas de caroço
De acordo com Mayer et al. (2019), o centro de origem do pessegueiro e da nectarineira é a China. No entanto, por muito tempo acreditou-se que o pessegueiro seria originário da Pérsia, atual Irã, e, por isso, o nome científico da espécie é Prunus persica. A nectarineira é uma mutação do pessegueiro. Ainda de acordo com estes autores, no caso das ameixeiras, há duas espécies importantes comercialmente: Prunus domestica, conhecida como ameixeira europeia, que teve origem na Ásia Oriental a partir da hibridação entre P. cerasifera e P. spinosa. É cultivada especialmente na Europa, na Argentina e no Chile. A espécie P. salicina, conhecida como ameixeira japonesa, é originária da China, sendo cultivada há milhares de anos. No Japão e nas Coreias, também é cultivada há bastante tempo, tanto que não se pode afirmar, com certeza, se esses países fazem ou não parte do centro de origem da espécie. Estas espécies foram introduzidas no Brasil pelos exploradores vindos da Espanha e Portugal, ainda na época da colonização das Américas.
No Brasil, segundo dados da EMBRAPA, os estados da região Sul são os que apresentam as melhores condições naturais para a produção comercial do pêssego e outros frutos de caroço. O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, com média de 128.568 toneladas por ano, correspondendo a 63,8% da produção total do país. Segue São Paulo, com 33.734, Santa Catarina, com 17.790 e Paraná, com 10.641 toneladas por ano. No Rio Grande do Sul, a produção de pêssego está concentrada na região Sul do Estado, mais fortemente em Pelotas, e na região da Serra, onde a maior parte da produção é destinada à indústria.
Segundo Rubbo et al. (2019), a comercialização de pêssegos e dos demais frutos de caroço in natura mostra-se altamente dependente de aspectos relacionados à qualidade dos frutos, dentre os quais se destacam o calibre, o formato, a firmeza, a relação açúcar/acidez e a coloração da casca. Há evidências de que a aplicação de bioestimulantes melhora as características organolépticas dos frutos, sobretudo por meio do incremento da coloração vermelha da epiderme – aspecto relevante para o mercado consumidor.
Adubação e manejo
As mudas de espécies frutíferas de caroço (pessegueiro, nectarineira e ameixeira) são tradicionalmente produzidas pela união de dois genótipos distintos – o porta-enxerto e a cultivar-copa que, por meio da enxertia, formam uma planta composta. Essa relação entre os dois genótipos irá perdurar por toda a vida da planta e, por isso, devem ser utilizadas cultivares que apresentam compatibilidade de enxertia entre si. O uso de gema ativa (final de primavera e início de verão) para a realização da enxertia em “T-invertido” é o método mais difundido no Brasil para frutíferas de caroço (Mayer, 2018).
O nitrogênio (N) é o nutriente de maior importância para as frutíferas de caroço (Rombolà et al., 2012), pois desempenha funções especificas nas plantas, como a constituição de aminoácidos e proteínas e a regulação de reações metabólicas (Taiz; Zaiger, 2013). Pascoalino et al. (2013), estudando sobre resposta da adubação nitrogenada e intensidade de raleio na produção de pêssego, observou que a adubação nitrogenada associada ao manejo do raleio aumentam de forma linear e significativa o peso médio dos frutos e a produtividade. Ainda de acordo com estes autores, tanto a adubação com N, quanto a intensidade de raleio dependem uma da outra, para obtenção de frutos com dimensões e quantidades exigidas pelo comércio consumidor.
Em relação ao fósforo (P), as fruteiras de caroço têm baixa necessidade em termos de quantidade, e boa capacidade de extração do solo. O potássio (K) é um nutriente extremamente importante na qualidade dos frutos, promovendo coloração mais intensa e melhorando o sabor. Por estar relacionado a aspectos como transporte de carboidratos através da planta, plantas nutridas corretamente com K apresentam frutos maiores e mais doces e, portanto, com alta qualidade comercial.
Frutos e armazenamento pós-colheita
Frutas de pequeno tamanho e a baixa produção são problemas comuns na exploração comercial de frutíferas de caroço, quando se utilizam cultivares de maturação precoce. Essas características são toleradas pelos produtores porque os preços obtidos para tais frutas são inicialmente elevados, mas o mercado, por ser muito dinâmico, pode oscilar rapidamente (Day; Dejong, 1990). Além do pequeno tamanho, pêssegos, nectarinas e ameixas de maturação precoce frequentemente apresentam outros defeitos qualitativos que reduzem o valor comercial, tais como: sabor, coloração e distúrbios fisiológicos (Fernandez-Escobar et al., 1987).
As frutas de caroço são climatéricas, ou seja, são frutos que no final do período de maturação apresentam um marcante aumento na taxa respiratória, provocado pelo aumento na produção de etileno – hormônio do amadurecimento. As frutas climatéricas podem ser colhidas mesmo que ainda não estejam maduras, pois a maturação é atingida após a colheita. No entanto, não devem ser colhidas muito jovens, devido a perdas nas qualidades organolépticas. Os frutos de caroço são altamente perecíveis, devido à rápida maturação e senescência, e elevada ocorrência de doenças pós-colheita (Kader; Mitchell, 1989; citados por Argenta et al.; 2011). A armazenagem refrigerada é a principal tecnologia para a conservação da qualidade e o prolongamento da vida pós-colheita em frutos de caroço, pois reduz a respiração, a produção de etileno, a perda de água e o desenvolvimento de podridões, e retarda o amadurecimento (Kader; Mitchell, 1989; citados por Argenta et al., 2011).
Plano ILSA Brasil de adubação para frutas de caroço
Figura 1. Fases fenológicas do pessegueiro e plano de fertilização ILSA
A ILSA está presente no mercado há mais de 65 anos, e é referência mundial em biotecnologia por transformar matérias-primas de origem renovável em produtos de alto desempenho para a agricultura. Utilizamos métodos industriais modernos e sustentáveis, que são uma ótima solução para passivos ambientais de alguns setores industriais. O resultado desses processos é a obtenção de fertilizantes altamente eficientes, que ajudam a agricultura orgânica e especializada a aumentar a produtividade e qualidade das safras, de forma cada vez mais responsável e consciente. Dispomos de duas matrizes de origem orgânica, que servem como base para a produção de todos os nossos fertilizantes, que explicaremos a seguir.
O AZOGEL® é a matriz orgânica de onde derivam os produtos orgânicos e organominerais sólidos de aplicação via solo, comercializado em todos os continentes do mundo, nos mais diversos cultivos. Trata-se de um fertilizante orgânico produzido à base de colágeno, obtido através da Fully Controlled Hydrolysis (FCH®), rico em nitrogênio e carbono orgânicos, proveniente de subprodutos da indústria do couro. Através dessa matriz, são produzidos os fertilizantes Gradual MIX®, N-TIME+®, S-TIME®, FERTIL e AZOSLOW®, todos recomendados para fruteiras de caroço, abrangendo todos os estágios de desenvolvimento da planta.
Para as fases de preparo de solo e transplantio e também para o início da frutificação, indica-se o N-TIME+®, que é um fertilizante de solo rico em N e C orgânicos e aminoácidos que irão potencializar a atividade metabólica das plantas. Por ser uma fonte de carbono e possuir alta CTC, o N-TIME+® atua, melhorando várias características de solo, como as químicas e biológicas. Além disto, este fertilizante pode ser utilizado em substituição ao esterco animal, podendo ser aplicado em duas etapas: no início da brotação e no período de pós-colheita. Já o AZOSLOW® pode ser utilizado durante todo o período vegetativo como cobertura nitrogenada por possuir duas fontes de N, uma que será absorvida rapidamente pela planta e outra de forma gradual, disponibilizando N ao longo de todo o ciclo produtivo – uma vez que o N é o nutriente mais requerido pelas fruteiras de caroço. O AZOSLOW® permite o maior aproveitamento do N, devido a presença da matriz orgânica AZOGEL. Ainda, para todas as fases de desenvolvimento das fruteiras de caroço, dispomos do fertilizante de solo Gradual MIX®, com NPK e rico em aminoácidos, que possui formulações tanto de início de brotação (GM 10 18 07) quanto de cobertura (GM 08 00 28).
O GELAMIN® é a outra matriz orgânica fabricada pela ILSA, e é comercializada em todos os continentes do mundo e utilizada nos mais diversos cultivos. É produzida através do colágeno, rica em N, aminoácidos e C orgânico. O produto é obtido através de um processo industrial inovador e sustentável, denominado Fully Controlled Enzymatic Hydrolysis (FCHE®). A partir desta matriz são obtidos os fertilizantes líquidos e hidrossolúveis da ILSA, pertencentes às linhas ILSA TOP e ILSA TEC, que podem ser utilizados tanto em aplicação foliar como em fertirrigação.
Para aplicação via foliar em fruteiras de caroço, a ILSA Brasil recomenda os fertilizantes ILSAMIN Boro® e ILSAMIN CaMg®, ambos para o período reprodutivo. O ILSMIN Boro® estimula o processo de floração e evita abortamentos florais, auxiliando no maior pegamento de flores e aumentando a resistência contra estresses abióticos. De acordo com Dechen et al. (2004), o boro é importante para a translocação de açúcar e no metabolismo do carboidrato, desempenha papel importante no florescimento, crescimento do tubo polínico, nos processos de frutificação, no metabolismo do nitrogênio e na atividade hormonal. Já o ILSAMIN CaMg® é indicado para estimular o processo de floração, potencializar a fotossíntese e evitar deformações nos frutos, fornecendo cálcio (Ca) e magnésio (Mg) associados ao fornecimento simultâneo de aminoácidos. O Ca é um importante macronutriente responsável pela ativação de vários sistemas enzimáticos e neutralização de ácidos orgânicos; participando da formação de parede celular e no desenvolvimento dos ápices meristemáticos da parte aérea e do sistema radicular. O Mg é parte central da molécula de clorofila e atua como ativador de diversas enzimas. Também está envolvido no metabolismo do carboidrato e na síntese de ácidos nucléicos, além de influenciar o movimento dos carboidratos das folhas para outras partes da planta, estimulando a captação e transporte do fósforo.
A ILSA Brasil ainda possui fertilizantes para frutos de caroço sob sistema de fertirrigação: ETIXAMIN DF e ILSADRIP Forte®, que também podem ser aplicados via foliar e são fontes de nitrogênio e aminoácidos. Estes dois produtos são recomendados para o fornecimento de aminoácidos em todos os estágios de desenvolvimento da planta, especialmente para períodos de estresse biótico e/ou abiótico, uma vez que potencializam os processos metabólicos da planta e incrementam a produtividade, também são posicionados em momentos de maior demanda energética do metabolismo vegetal, como a fase de enchimento de frutos.
Outro produto recomendado para as frutas de caroço para fornecimento de potássio é o ETIXAMIN Kally®, o produto deve ser aplicado via foliar de forma a complementar a absorção do elemento via raiz e fornecer este nutriente em períodos mais críticos e de maior demanda. O K está diretamente associado à formação de açúcares, síntese de proteínas, crescimento e neutralização de ácidos orgânicos. Além disso, é importante na formação dos frutos, influenciando no aumento de seu tamanho, sabor e cor. O K reduz a suscetibilidade das plantas ao ataque de doenças e pragas.
É importante mencionar que a adubação a ser realizada nos pomares deve ser racional, o que pressupõe a utilização adequada dos fertilizantes, evitando aplicações insuficientes ou excessivas, de modo a fornecer ao pomar os nutrientes que efetivamente são necessários, nas quantidades e épocas adequadas, preservando simultaneamente o ambiente. Para tal, é necessário não só conhecer o estado de fertilidade do solo, mas também saber se os nutrientes ali existentes estão sendo efetivamente aproveitados pela cultura. Portanto, as doses a serem utilizadas não estão descritas no texto pois devem ser baseadas em análise de solo e por recomendação de um engenheiro agrônomo.
Referencias bibliográficas
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Autores
- Ing. Agr. Maestría en Ciencias. Aline Tramontini dos Santos
- Ing. Agr. Maestría en Ciencias. Carolina Custodio Pinto
- Ing. Agr. Maestría en Ciencias. Thiago Stella de Freitas