A cultura da macieira (Malus domestica Borhk), de acordo com Petri et al. (2011), iniciou seu desenvolvimento comercial no Brasil na década de 70, sendo que até esta data foram poucos os plantios comerciais, representando menos de 100 ha. Atualmente, o estado de Santa Catarina é o maior produtor nacional de maçã e, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), o estado se destaca não só pelo volume de produção, mas também pela qualidade das frutas – um alto padrão reconhecido pelo mercado interno e no exterior. Cada vez mais novas cultivares são desenvolvidas, mais resistentes e adaptadas ao clima catarinense e há também melhorias nas técnicas de produção e armazenamento. O estado conta com aproximadamente dois mil produtores, basicamente agricultores familiares na região de São Joaquim e Fraiburgo, e cerca de 16 mil hectares plantados.
As condições climáticas ideais são fundamentais para a expressão do máximo potencial produtivo das cultivares. Em situações desfavoráveis, aumenta a incidência de estresse nas plantas, acarretando em perdas na produtividade, seja por fatores fisiológicos, seja por redução da tolerância ao ataque de pragas. Para que os efeitos do estresse sejam minimizados, há a possibilidade de utilização de aminoácidos nos cultivos. Os aminoácidos são moléculas essenciais no metabolismo primário e secundário das plantas, pois desempenham diversos papéis nas mesmas, além de atuarem como fonte de nitrogênio.
Para Castro (2009), os aminoácidos podem ser englobados no grupo de antiestressantes, compostos capazes de agir em processos morfofisiológicos do vegetal como precursores de hormônios endógenos ou como ativadores de enzimas e da disponibilização de compostos capazes de promover tolerância a estresses. Esses compostos são descritos como produtos que podem aumentar a produção, resistência e tolerância ao estresse causado por temperatura e déficit hídrico, principalmente. Além disso, de acordo com Lima et al. (2009), quando aplicados de forma exógena, os aminoácidos são rapidamente incorporados ao metabolismo como se fossem sintetizados pela planta contribuindo para o processo de desenvolvimento e crescimento.
Os aminoácidos, em especial a glutamina, também atuam diretamente na produção de clorofilas. É importante mencionar que cerca de 90 % da matéria seca total de uma planta de macieira, incluindo carboidratos estruturais (celulose e hemicelulose) e não estruturais (amido, sacarose, glicose e sorbitol), é proveniente da fotossíntese, como cita Hansen (1977). Os açúcares produzidos pela fotossíntese promoverão o pleno crescimento e desenvolvimento dos frutos, possibilitando, desta forma, altos rendimentos nas safras.
Na principal região produtora de maçã do país, a safra de 2020/21 foi marcada por longos períodos de estiagem e altas temperaturas, e é de extrema importância conhecer as respostas fisiológicas das plantas nessas circunstâncias. Essas condições podem aumentar a incidência de estresses nas plantas, que levarão a perdas expressivas do potencial produtivo. Como citam Natchgall et al. (2009), temperaturas acima de 30 °C causam forte redução no crescimento da raiz e da parte aérea e, sob estas condições, o período compreendido entre a floração e a maturação é encurtado, havendo menor tempo para o crescimento dos frutos, ocasionando menor calibre destes.
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a resposta das plantas com aplicações de produtos foliares à base de aminoácidos em diferentes regiões da Serra Catarinense durante o ciclo 2020/21, com avaliações de índice SPAD e coleta de folhas para análise de nutrientes.
Material e métodos
O experimento foi realizado na safra 2020/21, em pomares comerciais na Serra Catarinense, sendo um localizado no município de Bom Jardim da Serra, na localidade Rabungo; e outro pomar localizado no município de São Joaquim, na localidade Pericó, sob a coordenação do responsável técnico Mateus Souza Nunes. Em Rabungo foram utilizadas macieiras das cultivares Fuji Mishima e Maxi Gala, ambas com porta-enxerto Marubakaido direto e idade de 21 anos, com densidade de 555 plantas.ha-1. Na localidade Pericó, utilizou-se as cultivares Fuji Suprema e Galaxy, com 16 anos de idade, enxertadas sobre Marubakaido com filtro M-9 e densidade de 2.500 plantas ha-1.
Os tratamentos consistiram na aplicação de ILSAMIN Ágile e um produto comercial (testemunha), ambos à base de aminoácidos, e as doses e número de aplicações estão descritos na Tabela 1. O intervalo entre doses foi de 10 a 15 dias na fase vegetativa, com duas aplicações em novembro e duas em dezembro, via turbo pulverizador.
Tabela 1. Tratamento, doses.ha-1 e número de aplicações.
Tratamento | Dose (L.ha-1) | Número de aplicações |
ILSAMIN Ágile | 1,0 | 4 |
Testemunha | 1,0 | 4 |
Para a realização das análises, coletou-se amostras de 100 folhas por cultivar, provenientes de 20 plantas escolhidas aleatoriamente, tanto na área tratada com ILSAMIN Ágile quanto da testemunha. Em seguida, avaliou-se a manutenção de clorofila nestas folhas, utilizando um medidor portátil Soil Plant Analysis Development (SPAD-502, Minolta, Japão) e os resultados foram expressos como índice SPAD.
O instrumento SPAD-502 avalia, quantitativamente, a intensidade do verde da folha, medindo as transmissões de luz a 650 nm, onde ocorre absorção de luz pela molécula de clorofila e a 940 nm, onde não ocorre absorção (Gil et al. 2002). Com estes dois valores, o equipamento calcula um número ou índice SPAD que, normalmente, é altamente correlacionado com o teor de clorofila da folha (Markwell et al., 1995; Guimarães et al., 1999, citados por Gil et al., 2002) e pode identificar deficiência de N além de ter potencial de identificar situações onde a aplicação adicional de N não seja necessária (Gil et al., 2002).
Resultados e discussão
É possível observar que em todas as cultivares, independentemente da localidade, as plantas tratadas com ILSAMIN Ágile apresentaram índice relativo de clorofilas (IRC) superior em relação às testemunhas (Tabela 2). Para as cultivares Maxi Gala, Fuji Mishima e Galaxy, a diferença percentual média é de 13 % de aumento do IRC para as plantas tratadas com ILSA; sendo que na cultivar Fuji Suprema, a diferença percentual foi de 18 % em relação à testemunha.
Tabela 2. Índice relativo de clorofila nas diferentes cultivares de maçã (Malus domestica Borhk).
Tratamento | Maxi Gala (Rabungo) | Fuji Mishima (Rabungo) | Galaxy (Pericó) | Fuji Suprema (Pericó) |
ILSAMIN Ágile | 48,4 | 46,8 | 45,1 | 48,0 |
Testemunha | 42,8 | 40,5 | 40,0 | 39,5 |
Diferença percentual | 12 % | 13 % | 11 % | 18 % |
As clorofilas são os pigmentos naturais mais abundantes presentes nas plantas e ocorrem nos cloroplastos das folhas e em outros tecidos vegetais (Streit et al., 2005). Quando presentes em quantidades adequadas, mesmo sob condições de estresse, as clorofilas promovem o crescimento e desenvolvimento da parte vegetativa das plantas, suprindo também a parte reprodutiva, em especial os frutos. Como observado neste experimento, a aplicação via foliar de ILSAMIN Ágile promoveu o aumento da clorofila, mesmo diante de um cenário onde as condições climáticas não foram as melhores para o cultivo de macieiras.
Como já mencionado, a aplicação de produtos à base de aminoácidos é capaz de reverter situações de estresse, bem como de promover a síntese natural de clorofilas. A glicina e o ácido glutâmico, aminoácidos presentes na matriz GELAMIN® – que origina o produto ILSAMIN Ágile, atuam na síntese da clorofila, tornando a fotossíntese vegetal mais eficiente e aumentando as reservas de carboidratos disponíveis aos diversos processos metabólicos das plantas. Além disto, estes aminoácidos são capazes de retardar a senescência das folhas, o que resulta em acúmulo prolongado de carboidratos.
ILSAMIN Ágile – Um fertilizante ILSA Brasil
O ILSAMIN Ágile é uma formulação exclusiva ILSA, de origem totalmente natural, à base de proteínas hidrolisadas enzimaticamente (GELAMIN®), que representam uma fonte natural de aminoácidos de rápida absorção, deixando seus nutrientes disponíveis às plantas e equilibrando a nutrição nas fases mais críticas. Sua formulação rica em aminoácidos estimula os processos metabólicos e a fotossíntese, promove o desenvolvimento equilibrado dos vegetais, favorece a resistência das plantas contra estresses abióticos e bióticos, incrementa a produtividade e possui baixo impacto ambiental.
Ao analisar os resultados deste experimento, é possível observar a importância de produtos à base de aminoácidos para manter as plantas em um bom estado nutricional e fisiológico pois estas condições irão melhorar o metabolismo das mesmas, já que plantas tratadas com ILSAMIN Ágile apresentaram IRC consideravelmente superiores às testemunhas. Confira este resultado no vídeo a seguir: https://www.instagram.com/tv/CUyDz-Pp-Ik/?utm_medium=copy_link
Referencias bibliográficas
CASTRO, P.R.C. Princípios da adubação foliar. Jaboticabal: FUNEP, 2009. 42 p.
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) – disponível em: https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2021/02/11/safra-catarinense-de-maca-espera-colher-metade-da-producao-nacional/
GIL, P.T.; FONTES, P.C.R.; CECON, P.R.; FERREIRA, F.A. Índice SPAD para o diagnóstico do estado de nitrogênio e para o prognóstico da produtividade da batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p. 611-615, dezembro 2002.
GUIMARÃES. T.G.; FONTES, P.C.R.; PEREIRA, P.R.G.; ALVAREZ V., V.H.; MONNERAT, P.H. Teores de clorofila determinados por medidor portátil e sua relação com formas de nitrogênio em folhas de tomateiro cultivado em dois tipos de solo. Bragantia, Piracicaba, v. 58, n. 1, p. 209-216, 1999.
HANSEN, P. 1977. Carbohydrate allocation,. In: LANDSBERG, J. J.; CUTTING, C. V. (eds.). Environmental Effects on Crop Physiology, Academic Press, London, p.247-259, 1977.
LIMA, M. DA G. DE S.; MENDES, C. R.; NASCIMENTO, R. DO; LOPES, N. F.; CARVALHO, M. A. P. Avaliação bioquímica de plantas de milho pulverizadas com ureia isolada e em associação com aminoácidos. Revista Ceres, v.56, p.358-363, 2009.
MARKWELL, J.; OSTERMAN, J.C.; MITCHELL, J.L. Calibration of the Minolta SPAD-502 leaf chlorophyll meter. Photosynthesis Research, v. 46, p. 467-472, 1995.
NACHTIGALL, G. R.; FIORAVANÇO, J. C.; HOFFMANN, A. Macieira. Embrapa Uva e Vinho, Capítulo em livro técnico, p. 449-464, 2009.
PETRI, J.L.; LEITE, G.B.; COUTO, M.; FRANCESCATTO, P. Avanços na cultura da macieira no Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, Volume Especial, p. 48-56, 2011.
STREIT, N.M.; CANTERLE, L.P.; CANTO, M.W.; HECKTHEURER, L.H.H. As clorofilas – Revisão bibliográfica. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.3, p.748-755, 2005.
Autores
- Ing. Agr. Maestría en Ciencias. Aline Tramontini dos Santos
- Ing. Agr. Maestría en Ciencias. Carolina Custodio Pinto
- Ing. Agr. Maestría en Ciencias. Thiago Stella de Freitas
- Eng. Agr. Mateus Nunes