O fósforo (P) é um macronutriente que está associado a diversas funções metabólicas, como ativação de enzimas, controle hormonal, formação de ácidos nucleicos, amido, proteínas, sacarose, glicose e também desempenha papel importante no processo de transferência de energia nas células, respiração e fotossíntese.
É considerado um elemento de baixa mobilidade no solo, em função da sua “fixação” aos minerais de argila. Não é encontrado na forma livre, mas sim em combinações com óxidos, cálcio, ferro e alumínio, que formam compostos indisponíveis às plantas.
Fatores que afetam a disponibilidade de fósforo no solo
As principais formas encontradas de fósforo na solução do solo são os íons H2PO4– e HPO4–. De maneira geral, os solos brasileiros apresentam altos teores de óxidos de ferro, alumínio e argila do tipo caulinita, além de um alto grau de intemperismo e baixos teores de matéria orgânica. A presença destes óxidos implica na retenção dos íons de fosfato, tornando o P indisponível às plantas.
Para melhor entendimento, a quantidade de fósforo presente em um solo é dividida entre inorgânico (Pi) e orgânico (Po), dependendo da natureza do composto em que este elemento está ligado. Segundo Santos et al. (2008), as frações orgânicas e inorgânicas do fósforo no solo podem atuar como fonte ou dreno para a solução do solo, o que depende de suas características mineralógicas e condições ambientais.
Além das quantidades, outros fatores como teor e tipo de argila, pH, manejo de adubação fosfatada e teor de matéria orgânica do solo também influenciam diretamente na disponibilidade deste elemento.
A principal causa da baixa disponibilidade do elemento para as plantas é a grande estabilidade dos fosfatos na fase sólida do solo, decorrente da formação de compostos que se ligam com alta energia aos coloides, especialmente aos oxi-hidróxidos de Fe e Al, constituintes da fração argila que mais adsorvem P (LEITE, 2015). Ainda de acordo com Leite (2015), em consequência disto, têm-se baixa eficiência da adubação fosfatada e necessidade de aplicação de altas doses de fertilizantes para garantir a rentabilidade das culturas.
Ademais, a disponibilidade também pode ser afetada pela atividade microbiana do solo. Segundo Conte (2001), citado por Souza Júnior et al. (2018), a quantidade de fósforo na biomassa microbiana do solo pode ser aumentada pela adição de fertilizantes, pois ela atua como dreno de P no solo.
Relação entre matéria orgânica e fósforo
A matéria orgânica (MO) está intimamente relacionada à disponibilidade de fósforo, sob dois pilares: 1) pode adsorver o fósforo, ou 2) pode bloquear os sítios de ligação que ocorrem nas argilas e dos óxidos de alumínio e ferro; o que faz com que sua disponibilidade em solos não adubados com fosfatos dependa exclusivamente da ciclagem de compostos orgânicos. Segundo Stevenson (1986), citado por Pereira (2009), para que o fósforo associado à matéria orgânica do solo seja aproveitado pelas plantas, é preciso que haja a conversão do P-orgânico a inorgânico, via mineralização enzimática.
Sabe-se que os ácidos orgânicos provenientes do metabolismo de microrganismos do solo, responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, contribuem significativamente para a solubilização de fosfatos de cálcio. Como cita Zamuner et al. (2008), os sistemas de manejo que promovem aumento de matéria orgânica no solo, como o sistema plantio direto (SPD), contribuem para o incremento de formas mais lábeis de P (que corresponde ao grupo de compostos de fosfatos capazes de repor rapidamente a solução do solo, quando ele é absorvido por plantas ou por microrganismos, definição sugerida por Santos et al. (2008)), pois os ácidos orgânicos oriundos da decomposição da MO bloqueiam sítios de adsorção por recobrimento dos óxidos de ferro e alumínio. O cultivo de plantas de cobertura no SPD pode favorecer o acúmulo de MO nos solos e aumentar a eficiência da ciclagem dos nutrientes.
Os cultivos realizados sob o SPD podem alterar substancialmente a dinâmica de fósforo, que é encontrado em maiores concentrações na superfície do solo. A formação de sítios de P se dá em função da quantidade e da profundidade de colocação dos fertilizantes fosfatados, na cultura em rotação, e da frequência de ocorrência da rotação (YAMADA & ABDALLA, 2006).
Deficiência de fósforo
A carência de fósforo, em especial no início do ciclo produtivo, pode ocasionar redução no desenvolvimento da cultura de maneira irreversível, mesmo aumentando a concentração deste mineral no solo em níveis adequados. Os primeiros sintomas da falta de fósforo são percebidos em especial nas folhas velhas, devido à alta mobilidade deste elemento na planta. A coloração arroxeada nas folhas é característica desta deficiência, pois passam a acumular açúcar em seus tecidos, o que resulta na síntese do pigmento antocianina. Em estádios de desenvolvimento mais tardios, pode ocasionar necrose do tecido.
A insuficiência deste mineral também resulta em redução na área foliar e número de folhas (em função da abscisão foliar). Outros sintomas, de acordo com Grant (2001), incluem diminuição na altura da planta, atraso na emergência das folhas e redução na brotação e desenvolvimento de raízes secundárias, na produção de matéria seca e na produção de sementes.
Vale lembrar que a análise de solo é a opção determinante para quantificar os nutrientes do solo, e não deve, em nenhuma hipótese, ser menosprezada.
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Referências Bibliográficas
CONTE, E. Atividade de fosfatase ácida e formas de acumulação pela aplicação de fosfato em solo no sistema plantio direto. Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2001.
GRANT, C.A.; FLATEN, D.N.; TOMASIEWICZ, D.J.; SHEPPARD, S.C. A importância do fósforo no desenvolvimento inicial da planta. Potafós, Piracicaba, nº 95, p. 1-5, 2001.
LEITE, J.N.F. Formas orgânicas e inorgânicas de fósforo em função de plantas de cobertura e de adubação nitrogenada. UNESP, Jaboticabal, 2015. 57 p. (Dissertação)
LEITE, J.N.F.; CRUZ, M.C.P. da; FERREIRA, M.E.; ANDRIOLI, I.; BRAOS, L.B. Frações orgânicas e inorgânicas do fósforo no solo influenciados por plantas de cobertura e adubação nitrogenada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.51, n. 11, p. 1880-1889, 2016.
PEREIRA, H.S. Fósforo e potássio exigem manejos diferenciados. Visão Agrícola, nº9, p.46-46, 2009.
SANTOS, D.R. dos; GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J. Fatores que afetam a disponibilidade do fósforo e o manejo da adubação fosfatada em solos sob sistema plantio direto. Ciência. Rural [online], vol.38, n.2, p.576-586, 2008.
SOUZA JÚNIOR, A.A.; DALL’ORSOLETTA, D.J. BONFADA, E.B.; GATIBONI, L.C. A disponibilidade do fósforo adicionado é dependente do teor de argila do solo e tempo de reação. XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do Solo, Xanerê, 2018.
STEVENSON, F. J. Cycles of soil. New York: Wiley-Interscience Publication, 1986.
ZAMUNER, E.C.; PICONE, L.I.; ECHEVERRIA, H.E. Organic and inorganic phosphorus in Mollisol soil under different tillage practices. Soil and Tillage Research, v.99, p.131-138, 2008.
YAMADA, T.; ABDALLA, S. R. S. Fósforo na agricultura brasileira. Piracicaba: POTAFOS, 2006. 726 p.
Autores:
- Eg. Agr. Msc. Aline Tramontini dos Santos
- Ing. Agr. Ana Elisa Velho
- Eng. Agr. Msc, Thiago Stella de Freitas